Secadores de Lodo: Tecnologia a favor da empresa e do meio ambiente

Leis ambientais e a preocupação com meio ambiente fazem companhias implantarem sistemas de secagem de lodo


A consciência ambiental ainda é um fenômeno novo no Brasil. São recentes as principais leis e regulamentações que tentam preservar o meio ambiente e evitar novas poluições e desmatamentos.
O tema ambiental, porém, deverá ganhar destaque ao longo de todo o ano de 2012, já que, em junho, o Rio de Janeiro será sede da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável). Desenvolvimento este que tem sido um desafio para as indústrias de todo o mundo, principalmente dos países emergentes, como Brasil, Rússia, China e Índia.
Companhias de diversos segmentos (energético, civil, farmacêutico, alimentício, automotivo, têxtil, metalúrgico, entre outros) estão se adaptando às novas regras ambientais, Secadores de Lodo: Tecnologia a favor da empresa e do meio ambienteinclusive para o reúso de água e o tratamento de efluentes.
Uma dessas normas se refere ao manejo de lodo, tanto industrial quanto doméstico. É comum, em várias cidades do país, que as indústrias transportem o lodo resultante dos processos produtivos a aterros, o que contamina os solos e exala um odor desagradável.
Para evitar isso, o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) publicou em novembro de 2002 uma resolução que estabelece normas e diretrizes para a produção de resíduos sólidos industriais.
Também cabe às Secretarias Estaduais do Meio Ambiente estabelecer e fiscalizar o cumprimento das normas, e é permitido que cada município aprove suas próprias leis sobre o tema.
Diante disso, algumas empresas estão implantando sistemas de secagem de lodo, o que pode ser considerado qualquer resíduo úmido proveniente de um processo de tratamento no qual são aplicados coagulantes e demais produtos químicos. Esses sistemas permitem um melhor manuseio da substância e respeitam os padrões ambientais.
Para uma empresa, a secagem do lodo diminui os custos da exposição final (em aterros e outros locais), os custos de transporte, o volume do lodo na planta industrial e facilitao manuseio da substância.

Etapas do processo de secagem
O processo de secagem do lodo é composto por várias etapas, como adensamento, desaguamento, estabilização, higienização e secagem. Porém, cada etapa depende da origem e características do lodo, assim como o destino final escolhido para a substância.
Por exemplo, se um lodo possui 4% de sólidos, ele precisará passar por um processo de desaguamento. Já um lodo com 30% de sólido necessitará apenas ser secado. A escolha do tratamento, portanto, depende da quantidade de sólido presente no lodo.
Pode-se destacar como as principais fases a estabilização e a remoção da umidade. A primeira envolve processos químicos, físicos e biológicos, a fim de reduzir características negativas do lodo, como odor. Pode ser realizada através de digestão aeróbia e anaeróbia.
Já a etapa de remoção de umidade é o processo de secagem do lodo propriamente dito, de maneira que ele se torne um sólido (pode ser em pó, granulado, etc.).

 

Sistemas de secagem de lodo
Existem, no mercado, sistemas de secagem de lodo naturais e mecânicos. A escolha depende exclusivamente dos objetivos da empresa que pretende implantar o recurso.
Os sistemas naturais, como os leitos de secagem e as lagoas de lodo, dependem das condições climáticas e, por isso, sua instalação é recomendada em regiões quentes. Ambos os sistemas também necessitam de um lodo digerido para facilitar a drenagem e evitar a ventilação de odores.

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Os leitos são, basicamente, caixas que possuem um sistema de drenagem com britas e areia. Após todo o processo de secagem, o lodo apresenta de 40 a 75% de sólidos. Já as lagoas trabalham com sistemas de evaporação e podem levar até seis meses para concluírem o cliclo. Secadores de Lodo: Tecnologia a favor da empresa e do meio ambiente
Entre os sistemas mecânicos, é possível encontrar empresas que fornecem variados tipos de secagem.
A CentroProjekt, por exemplo, oferece sistemas baseados na digestão aeróbia e anaeróbia, segundo o engenheiro de projetos Ruy Scanho Marques de Queiroz.
De acordo com Queiroz, a digestão anaeróbia requer "um digestor, às vezes algum pré-tratamento para otimizar o trabalho deste digestor, e depois um desaguamento". Essa digestão gera um gás (biogás), ou seja, oferece um ganho energético de cerca de 5 mil kcal/m³.
Já os sistemas aeróbios são mais simples. "A gente injeta uma grande quantidade de oxigênio no lodo. Com isso, há condições para as bactérias, os microorganizados aeróbios, se beneficiarem. Com tanto oxigênio, em um espaço físico pequeno, ocorre uma reação exotérmica, aumenta a temperatura, e o lodo vai para uma fase termofísica. Esse sistema não gera gás e consome um pouco de energia elétrica para movimentar".
O engenheiro da CentroProjekt, porém, destaca que o nível de eficiência das duas digestões "é quase o mesmo": o sistema aeróbio destrói 40% da matéria orgânica, contra 50% do anaeróbio, dependendo das condições do lodo.
Segundo o especialista, o lodo permanece, em média, 23 dias nessas estações de tratamento. Mas a CentroProjekt tem trabalhado com uma tecnologia nova de ultrassom.
"O ultrassom é usado como pré-tratamento para quebrar as paredes das células durante a digestão, o que acelera esse processo, normalmente um dos mais demorados", disse.
"É um equipamento pequeno e a gente aplica o ultrassom no lodo. Dentro dessas células, têm proteínas, enzinas, e isso daí já entra no digestor trabalhando a nosso favor. Dá Secadores de Lodo: Tecnologia a favor da empresa e do meio ambienteuma turbinada, uma acelerada nesse processo", acrescentou.
De acordo com Queiroz, "de uma maneira geral, podemos diminuir de 23 dias para 15 dias. É claro que, em alguns casos, vai ser melhor ou pior que isso, mas sempre há um ganho".
A Allonda, por sua vez, oferece o sistema de secagem de lodo chamado Geotube e constituído por tubos geotêxtil, tecido de alta resistência.
"O sistema funciona com princípios de filtração através dos poros do geotêxtil tecido. O lodo, ao passar pelo tecido, é separado do efluente e todo o sólido em suspensão é contido pelo tecido. Além de não usar energia elétrica e mecânica para desidratar, o Geotube gasta menos insumos químicos, como floculante e coagulante, que qualquer sistema mecanizado existente no mercado", explicou Luiz Gustavo B. Escobar, da Allonda.
Segundo ele, além de conseguir conter pequenos e grandes volumes de lodo, o Geotube tem "o melhor custo benefício por m³ de lodo tratado, menor gasto energético para desidratação de lodo, menor gasto químico e melhor eficiência de tratamento de lodo em redução de sólidos totais e DBO do efluente drenado".
A desvantagem do sistema, porém, é a necessidade de um grande espaço físico para ser instalado, de acordo com Escobar. Para sua implantação, é preciso que a empresa tenha "área impermeabilizada com camada drenante, bomba de lodo com variador de velocidade, sistema de preparo e injeção de polímero, e tubulação de lodo e de polímero".
O Geotube é indicado para desitratação de lodo, de sedimentos lodosos contaminados ou não, e de resíduos industriais diversos, como da indústria petroquímica, alimentícia, entre outros.

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Outra fornecedora de sistemas de secagem de lodo é a empresa italiana VOMM. O equipamento, chamado de Turbo-Dryer Ecologist, é capaz de processar o lodo em qualquer estado físico e transformá-lo em pó, concetrado (pasta) ou granulado.
"O Turbo-Dryer Ecologist é utilizado para secagem de produtos orgânicos ou inorgânicos sólidos, líquidos (diluídos ou concentrados) e pastosos (lodos), à base de água ou outro solvente, independente do conteúdo de substância seca e da viscosidade inicial", informou a empresa.
O equipamento opera em circuito fechado, o que elimina qualquer emissão de odores ou partículas para a atmosfera. O lodo é alimentado em um módulo cilíndrico de secagem, composto por um par de camisas para a circulação forçada do fluido térmico. O turbo agita o material contra a parede interna, formando uma fina camada e mantendo-o em elevado turbilhonamento.
"Este processo dinâmico provoca uma grande sequência de impactos em cada partícula de produto contra uma parede aquecida, permitindo à exposição das partículas a elevadas temperaturas e obtendo consequente secagem e sanitização do material tratado. Esta secagem é realizada em poucos segundos e com uniformidade", destacou a VOMM.

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A empresa também garante que o Turbo Dryer Ecologist é o primeiro secador contínuo que opera com efeitos térmicos combinados de condução e convecção. A secagem, por sua vez, é realizada em uma passagem única, sem recirculação do produto.
O aparelho já está em sua quarta versão e demora de 90 a 270 dias para ser construído e instalado. "Mas o sistema já vai montado, e isso é uma vantagem", disse o gerente comercial da VOMM, Leonardo Bergutti.
"O custo de manutenção é baixíssimo. São equipamentos robustos, que rodam há quase 30 anos. A VOMM também oferece um contrato full service, que você compra o equipamento e tem direito a quatro visitas técnicas anuais", contou Bergutti.
A mais nova fornecedora de sistemas de secagem de lodo será a alemã Huber Technology. O equipamento Sludge2Energy ("Lodo para energia", na tradução do inglês) já foi lançado na IFAT 2012, em Munique, na Alemanha, e será apresentado ao público brasileiro na FENASAN, em agosto.
O sistema opera através de calor para fazer a secagem do lodo, e o calor resultante do processo é utilizado como combustível para o próprio funcionamento do equipamento e para geração de energia elétrica.
"É um produto desenvolvido pensando na economia e na ciência ao mesmo tempo", disse o presidente da Huber Technology, Georg Huber, que visitou o Brasil em abril para detalhar a nova tecnologia.
Segundo a Huber, depois de processado, o lodo seco tem redução de 72% de seu peso e de 42% em seu volume, além de aumento de 300% no poder calorífico.

Adensadores de lodo
Os adensadores de lodo são equipamentos para um espessamento do lodo. O objetivo desse tipo de sistema é deixar o lodo com a consistência adequada para os processos de secagem.
"O adensador é uma etapa antes de tudo isso [secagem], para reduzir um pouco da água do lodo. É a etapa que antecede tudo, que é o adensamento", disse Ruy Scanho Marques de Queiroz, da CentroProjekt.
A empresa oferece esse tipo de sistema em todos modelos: com acionamento central e com acionamento periférico.
"Para ambos os casos, perfis chatos são fixados verticalmente nos braços raspadores, acelerando o processo de adensamento. O material decantado é direcionado para o poço de lodo, de onde é removido por bombas. O clarificado recolhido segue pela canaleta para as próximas etapas do processo", explicou a CentroProjekt.
Os adensadores de lodo também podem ser encontrados nas companhias EnvironQuip, Despurifil, entre outras.

Utilidades para o lodo seco
Desde 2006, o Conama autoriza o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento sanitário, desde que as substânciam cumpram alguns critérios e requisitos, como submissão a tratamentos de redução de patogêneos.
O objetivo da iniciativa é propor uma destinação adequada aos lodos, em vez de mandá-los para os aterros sanitários, já que estudos comprovaram o poder orgânico e nutritivo do lodo, o que permite que ele seja usado como adubo.
Outras finalidades do lodo seco, inclusive o industrial, são pouco conhecidas no Brasil. Por exemplo, o lodo gerado em fábricas de papel pode ser usado, depois de seco, para a fabricação de tijolos.
No estado de São Paulo, também já existem leis que autorizam o uso do lodo como combustível de caldeiras devido ao seu grande poder calofífero. Algumas empresas, como a Ambev, chegaram a adotar essa prática.
Com essa e outras medidas legislativas, o governo e dos organismos de fiscalização ambientais tentam incentivar as indústrias e companhias de saneamento a adotarem uma política em prol do meio ambiente e contribuindo com o desenvolvimento sustentável.
Essas ações, como a implantação de sistemas de secagem de lodo, podem ser de grande utilidade para as empresas a longo prazo, já que muitos materiais são reutilizáveis e recicláveis, diminuindo custos de energia e de combustível. É o caminho para o mundo autosustentável.

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