Novo Ranking Do Saneamento Básico Mostra Pouco Avanço E Que O Brasil Ainda Despeja Quase 6 Mil Piscinas Olímpicas Por Dia De Esgotos Sem Tratamento Na Natureza

O Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, lança o novo Ranking do Saneamento – 100 Maiores Cidades do Brasil com dados do Ministério das Cidades em seu Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) - ano base 2016


Novo Ranking Do Saneamento Básico Mostra Pouco Avanço E Que O Brasil Ainda Despeja Quase 6 Mil Piscinas Olímpicas Por Dia De Esgotos Sem Tratamento Na Natureza

 

O Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, lança o novo Ranking do Saneamento – 100 Maiores Cidades do Brasil com dados do Ministério das Cidades em seu Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) - ano base 2016. Os resultados indicam que os números nacionais avançam, mas pouco. Em 2016, os indicadores mostravam que 35 milhões de brasileiros (17% da população naquele ano – 207 milhões) ainda não era abastecida com água potável, mais de 100 milhões (48% da população) não tinha coleta de esgotos e somente 45% dos esgotos gerados no país eram tratados.
Ao transpor esta realidade para as 100 maiores cidades do Brasil, onde mora mais de 40% da população, víamos que 93,62% da população tinha abastecimento de água, 72,14% coleta de esgotos e 54,33% dos esgotos gerados eram tratados.
Destaque 1 – Avanços no país: a alteração nos indicadores no país no período de 2011 a 2016 foram poucos significativos, como mostra a tabela abaixo:

 

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Destaque 2 – Tratamento dos esgotos: o novo Ranking do Saneamento destaca o grave problema dos baixos indicadores de tratamento dos esgotos. Os índices médios do país e das 100 maiores cidades são ruins, desta forma foram feitas projeções de quantos metros cúbicos de esgotos são despejados na natureza in natura, ou seja, sem tratamento.

 

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Gesner Oliveira, sócio da Go Associados, destaca o papel importante das Agências Reguladoras e dos Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) para superar estes desafios. "Para que se alcance um nível adequado de saneamento é fundamental que se fortaleça a regulação do setor, sendo de suma importância a organização de Agências Reguladoras independentes e com corpo técnico capacitado. Além disso, também se deve priorizar o planejamento, onde a correta elaboração dos Planos Municipais de Saneamento se mostra ferramenta essencial."
Destaque 3 – Investimentos em água potável e esgotos: no período de 2015 para 2016, os investimentos em água e esgoto no país caíram de R$ 13,26 bilhões para R$ 11,51 bilhões (em valores médios de 2016). Em contrapartida, nas 100 maiores cidades os investimentos apresentaram uma redução em termos reais (R$ 6,60 bilhões em 2016 x R$ 7,11 bilhões em 2015). Importante parcela do investimento nas maiores cidades se deve aos constantes aportes das cidades melhor colocadas do Ranking.
Destaque 4 – Comparação entre 20 melhores e 20 piores cidades: a comparação entre as melhores e piores cidades confirma a desigualdade e as dificuldades para avançar em muitos municípios. Mesmo considerando que em termos populacionais as 20 piores cidades tenham quase 2,5 milhões de pessoas a mais (13.106 milhões x 10.591 milhões nas 20 melhores), os indicadores médios mostram uma grande disparidade no acesso aos serviços.

 

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Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, chama atenção para a diferença nos níveis de atendimento e investimentos em saneamento, justamente a partir da diferença entre melhores e piores. "Uma preocupação que temos apontado há alguns anos é que as melhores cidades seguem avançando e nelas acontece a concentração dos maiores investimentos. O natural seria que as piores cidades estivessem investindo mais, então esse fenômeno separa ainda mais o Brasil em poucas cidades caminhando para a universalização e muitas paralisadas. Preocupa também a queda nos investimentos públicos para saneamento básico, à medida que Governo Federal, estados e municípios sofrem com problemas fiscais.".
Metodologia: a metodologia completa do Ranking do Saneamento – 100 Maiores Cidades está disponível no relatório completo - site oficial do Instituto Trata Brasil. O material explica detalhadamente como os indicadores são obtidos e como os municípios recebem as notas que permitem o ranqueamento. Nesta edição, três novos municípios foram incluídos na amostra devido à população apontada pelo IBGE: entraram Palmas (TO), Taboão da Serra (SP) e Camaçari (BA), deixaram o Ranking as cidades de Foz do Iguaçu (PR), Juazeiro do Norte (CE) e Volta Redonda (RJ).

Abastecimento de água potável
O Ranking do Saneamento Básico – 100 Maiores Cidades, no que se refere ao indicador de abastecimento de água, mostra que 20 municípios possuem 100% de atendimento da população e 41 cidades com atendimento superior a 99%. A grande maioria, 90 das 100 cidades, atendem mais de 80% da população com água potável. O menor atendimento foi o de 29,98%, no município de Ananindeua - PA. Veja o gráfico abaixo:

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10 municípios com menor atendimento em água: Belford Roxo (RJ) 78,12%; Aparecida de Goiânia (GO) 75,97%; Jaboatão dos Guararapes (74,17%); Belém (PA) 70,41%; Caucaia (CE) 67,40%; Rio Branco (AC) 54,63%; Santarém (PA) 52,39%; Macapá (AP) 39,11%; Porto Velho (RO) 33,05% e Ananindeua (PA) 29,98%.

Atendimento com coleta de esgoto
O indicador de coleta de esgoto também avalia quanto da população tem acesso ao serviço. Dois municípios possuem 100% de coleta de esgoto (Cascavel-PR e Piracicaba - SP), outros 10 municípios possuem índice superior ou igual a 98% e podem também ser considerados universalizados. O mínimo da população atendida com serviço de coleta de esgoto é 0,75%, também no município de Ananindeua – PA. Gráfico abaixo.

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Os 10 municípios com indicadores mais positivos, são: Cascavel (PR) 100%; Piracicaba (SP) 100%; Curitiba (PR) 99,99%; Londrina (PR) 99,99%; Maringá (PR) 99,99%; Ponta Grossa (PR) 99,99%; Santos (SP) 99,88%; Franca (SP) 99,62%; Santo André (SP) 98,77% e Uberaba (MG) 98,5%.
Os 10 municípios com mais deficiência, são: Aparecida de Goiânia (GO) 24,93%; Teresina (PI) 23,49%; Rio Branco (AC) 22%; Jaboatão dos Guararapes (PE) 18,95%; Belém (PA) 12,62%; Manaus (AM) 10,18%; Macapá (AP) 8,91%; Santarém (PA) 4,29%; Porto Velho (RO) 3,39% e Ananindeua 0,75%.

Volume de esgoto tratamento de esgoto com relação à água consumida
O indicador de tratamento de esgoto aborda o volume, não a população. Seis municípios relataram tratar todo o esgoto gerado (100%), 16 informaram valores superiores a 80%, sendo também considerados universalizados no contexto deste Ranking. O mínimo reportado em tratamento de esgoto foi 0% nas cidades de Governador Valadares - MG, Nova Iguaçu – RJ e São João de Meriti – RJ. Ananindeua – PA reportou 0,91%.

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Observação: Em contraste com os indicadores de população com água e coleta de esgoto, o indicador de tratamento de esgotos mostra que 21 das grandes cidades tratam apenas entre 0 a 20% do volume. Em contraponto, 22 cidades tratam mais de 80% do esgoto que produzem. Assim, dentre os indicadores de cobertura o tratamento de esgoto é o que está mais longe da universalização, se mostrando o principal gargalo a ser superado.
10 municípios mais positivos: Jundiaí (SP) 100%; Limeira (SP) 100%; Niterói (RJ) 100%; Petrópolis (RJ) 100%; Piracicaba (SP) 100%; Salvador (BA) 100%; Campina Grande (PB) 99,89%; Maringá (PR) 99,08%; Franca (SP) 98,03% e Santos (SP) 97,63%.
10 municípios com maior deficiência: Duque de Caxias (RJ) 3,89%; Bauru (SP) 3,44%; Belém (PA) 2,67%; Guarulhos (SP) 2,12%; Porto Velho (RO) 1,54%; Santarém (PA) 1,39%¨; Ananindeua (PA) 0,91%; Governador Valadares (MG) 0%; Nova Iguaçu (RJ) 0% e São João de Meriti (RJ) 0%.

Valores de investimento comparativamente aos valores arrecadados com os serviços
Um dos critérios do Ranking é avaliar a média dos investimentos feitos em água e esgotos comparativamente aos valores arrecadados nos últimos cinco anos. A metodologia considera não apenas os investimentos realizados pela prestadora, mas também os investimentos realizados pelo poder público (Município e Estado). Quanto maior for essa razão (investimento/arrecadação), melhor posição a cidade consegue no Ranking.
O indicador médio dos municípios equivale a 23,19%, ou seja, menos de 1/4 dos recursos arrecadados com os serviços foram reinvestidos nos serviços. O valor é muito próximo ao observado em 2015 (23,15%). O maior índice de investimento/arrecadação no período foi Santarém-PA (566,22%) e o de menor Várzea Grande – MT (0%).

 

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Observação: 69% dos municípios investiu menos de 30% do valor arrecadado.
10 municípios com indicadores mais positivos: Santarém (PA) 556,2%; Boa Vista (RR) 144,32%; Caucaia (CE) 93,02%; Cuiabá (MT) 85,51%; Rio Branco (AC) 78,22%; Praia Grande (SP) 70,02%; Recife (PE) 64,34%; Aparecida de Goiânia (GO) 60,40%; Serra (ES) 57,96% e Mossoró (RN) 56,68%.
10 municípios que menos investiram x arrecadação: Niterói (RJ) 8,67%; Santos (SP) 8,15%; Porto Velho (RO) 6,10%; Sorocaba (SP) 5,25%; São Gonçalo (RJ) 4,78%; Teresina (PI) 4,77%; Campo Grande (MS) 4,19%; Santo André (SP) 3,04%; Pelotas (RS) 1,68% e Várzea Grande (MT) 0%.

Perdas de faturamento total com a água – IPFT
O Índice de Perdas de Faturamento Total (IPFT) procura aferir o volume de água produzida, mas não faturada. As perdas ocorrem por vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos (gatos) e outros fatores. Quanto menor for a perda, melhor classificado é o município no Ranking. O indicador médio de perdas de faturamento foi de 42,18%, pior do que os 41,25% observados em 2015. O município com menor índice de perdas de faturamento foi Vitória da Conquista – BA (-10,58%) e o maior, Manaus - AM (71,85%).

 

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Observação: apenas 10 cidades possuem níveis de perdas de faturamento iguais ou menores que 15% (valor usado como parâmetro ideal). Quase 70% das cidades tem perdas de faturamento superior a 30%, portanto, há um grande potencial de melhoria na redução dessas perdas e consequente aumento de ganhos financeiros para os operadores.
10 municípios com indicadores positivos: Vitória da Conquista (BA) -10,58%; Campina Grande (PB) –1,89%; Serra (ES) 0,63%; Praia Grande (SP) 3,81%; Limeira (SP) 10,89%; Petrópolis (RJ) 11,22%; Caruaru (PE) 11,64%; Maringá (PR) 12,20%; Campinas (SP) 12,56% e Franca (SP) 12,73%.
10 municípios com deficiências: São João do Meriti (RJ) 60,53%; São Luís (MA) 62,71%; Várzea Grande (MT) 62,71%; Macapá (AP) 63,06%; Nova Iguaçu (RJ) 65,81%; Ribeirão Preto (SP) 66,82%; Boa Vista (RR) 67,23%; Duque de Caxias (RJ) 68,39%; Belford Roxo (RJ) 68,60% e Porto Velho (RO) 69,77%.

Perdas na distribuição de água – IPD
O Índice de Perdas na Distribuição considera a diferença entre o volume de água produzida e o volume oficialmente entregue. As perdas ocorrem por vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos (gatos) e outros fatores. Quanto menor for essa persa, melhor classificado é o município no Ranking. O indicador médio na amostra foi de 39,07%, uma piora frente os 37,77% de 2015.
O valor de 2016 é superior à média nacional, de 38,01%. A pior e melhor perdas ocorreram respectivamente em Porto Velho - RO (70,88%) e Palmas – TO (13,05%).

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Observação: dos 100 municípios considerados, apenas um possui níveis de perdas na distribuição menores que 15% (valores considerados como ótimos). 80% das cidades tem perdas na distribuição superiores a 30%; assim existe um grande potencial para redução dessas perdas e assim sobrar mais água para abastecimento da população.
10 municípios com menores perdas - IPD: Palmas (TO) 13,05%; Limeira (SP) 15,57%; Santos (SP) 17,25%; Guarulhos (SP) 18,13%; Campo Grande (MS) 19,42%; Vitória da Conquista (BA) 19,76%; Campinas (SP) 21,59%; Goiânia (GO) 22,53%; Campina Grande (PB) 24,53% e Maringá (PR) 24,75%.
10 municípios com maiores IPD: Maceió (AL) 59,93%; Várzea Grande (MT) 60,70%; Recife (PE) 61,16%; Ribeirão Preto (SP) 61,48%; São Luís (MA) 62,70%; Olinda (PE) 62,70%; Boa Vista (RR) 65,99%; Macapá (AP) 66,25%; Paulista (PE) 67,92% e Porto Velho (RO) 70,88%.

Conclusão do estudo
Em mais uma edição do Ranking do Saneamento Básico – 100 Maiores Cidades fica comprovado que os estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais ainda são os que apresentam os municípios com melhores indicadores de água e esgoto no país. Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, acredita que as políticas: nacional, estadual e municipal de saneamento básico precisam enfrentar a realidade do país: "Quando discutimos o acesso à água e esgoto no Brasil temos que imaginar as diferentes realidades. Precisamos buscar saídas para avançarmos como país, especialmente no Norte, Nordeste e parte do Sul. O Brasil tem milhares de pessoas sem acesso à infraestrutura mais elementar e isso nos mantém longe do mundo desenvolvido."
Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, alerta que a cada ano o Brasil se distancia das metas pactuadas junto à Organização das Nações Unidas (ONU), ou seja, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). "Assumimos um compromisso mundial com os ODS, principalmente o número 06, em que o governo brasileiro promete levar água e saneamento para todos até 2030. Ao não cumprir a meta de universalização do acesso à coleta e tratamento dos esgotos, por exemplo, colocamos em risco o atingimento de vários outros ODSs, principalmente os relativos à proteção da infância e à melhoria da saúde."

 

 

Instituto Trata Brasil
Site.: www.tratabrasil.org.br

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