Como aumentar a eficiência energética

Segundo a ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, o desperdício de energia no Brasil gira em torno de R$ 70 milhões/dia, correspondendo mais de R$ 60 bilhões entre 2015 a 2017, equivalente a 1,4 vezes a produção


Como aumentar a eficiência energética

Segundo a ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, o desperdício de energia no Brasil gira em torno de R$ 70 milhões/dia, correspondendo mais de R$ 60 bilhões entre 2015 a 2017, equivalente a 1,4 vezes a produção anual de Itaipu Binacional. 
O diretor técnico da associação, o Eng. Sérgio Martins de Oliveira explica que este desperdício ocorre devido à avançada vida útil de equipamentos em uso, tanto nas indústrias, comércios, produtores rurais e residências, como por processos produtivos ineficientes. Isso acontece por falta de investimentos, apoio de setores interessados e a necessidade de maior participação governamental.
Nesse contexto, muito se escuta sobre eficiência energética. E quando falamos sobre isso, o primeiro ponto que vem na cabeça é economizar energia. De acordo com Sergio Jacobsen, vice-presidente da área de Smart Infrastructure da Siemens, isso está certo, há desperdício e é muito intuitivo pensar em economizar o que se gasta.
Mas esse tema na verdade significa um pouco mais do que isso. É ter a consciência e preocupação de ponta a ponta, desde toda a cadeia de produção até o benefício para o consumidor, sociedade e meio ambiente, ou seja, gerar a mesma quantidade de trabalho com menos recursos naturais ou menos energia, usando equipamentos com rendimentos cada vez melhores.
Na Panasonic, por exemplo, a sustentabilidade faz parte da visão e do valor da companhia, atuam com produtos com excelência em eficiência energética onde mais de 90% das geladeiras se enquadram na categoria A+++, máquinas de lavar possuem o menor consumo de água e uma melhor eficiência de lavagem na categoria. “Nosso diferencial está no desempenho geral: eficiência energética, consumo de água, eficiência de lavagem e, com isso, economia” – afirma Márcio Castro, diretor de operações da empresa. 

Principais problemas
De acordo com Jacobsen há três principais frentes para alcançar a tão desejada eficiência energética. A primeira delas, é claro, trata-se da economia. Isso engloba trocar lâmpadas, buscar aparelhos mais eficientes e que economizam, aproveitar iluminação externa, conscientização do consumidor e outras ações. 
A segunda está relacionada a eletrificação e a utilização de fontes renováveis. De acordo com o especialista, há processos que ainda não são eletrificados, muitos equipamentos e sistemas industriais são movidos a vapor (caldeira) ou a diesel. “O diesel é bastante utilizado nos processos de várias empresas, em sistemas isolados no norte do Brasil e no agronegócio, principalmente pela falta de qualidade da entrega de energia” – ressalta.
Ele traz como exemplo os pivôs de irrigação. Trata- se de um sistema que precisa de energia para irrigar constantemente e bombear água, em sua maioria são movidos a diesel. Se esse processo fosse eletrificado seria muito mais eficiente. Hoje, já se usa energia solar para manter esses equipamentos gerando sua própria energia e não dependendo somente do diesel, mas ainda é minoria.
Em paralelo há também a problemática dos sistemas isolados do norte do país, que ainda não são conectados à rede elétrica. Nesses locais, não há opção, tudo é a diesel, que além da sua própria ineficiência, há a questão do transporte: são de 7 a 8 dias de barco para chegar nesses locais. Transformando essas usinas em híbridas (solar + bateria + diesel) seria possível reduzir pela metade o consumo do diesel. 
A terceira frente é sobre a redução das perdas nas redes elétricas, que são divididas em dois tipos. Começamos pela perda técnica, essa está relacionada aos fios, transformadores, cabeamentos, que nunca chegam em 100%. E dependendo do local isso piora, quando mais distante mais se perde. Aqui também consideramos os equipamentos antigos e com falta de manutenção, esses não trabalham com o melhor desempenho, ou seja, gastam muito mais que equipamentos modernos ou em plenas condições de uso. 
A perda não técnica, por usa vez, é o roubo de energia. No Brasil ainda tem muita falcatrua e isso desencadeia dois grandes problemas: a fraude em si não é cobrada e quem não paga energia não usa de forma racional. Jacobsen destaca que quando falamos de roubo de energia de imediato se faz a ligação com pessoas de baixa renda, mas não é. A maioria dos casos são setor comercial, industrial, hotelaria, de pequeno e até médio porte. Roubam e desperdiçam sem limite. 

Como aumentar a eficiência energética

“Basicamente, alcançar eficiência energética consiste em entender que o investimento é infinitamente menor do que ampliar a geração, transmissão e distribuição de energia. Projetos de atualização tecnológica em motores, inversores, condicionamento ambiental, iluminação eficiente, reutilização de gases, automação geral em processos, eliminação de perdas em aquecimento, em ar comprimido, em sistemas térmicos, enfim são muitas possibilidades” – complementa o diretor técnico da ABESCO.  

Principais parâmetros para economizar 
Apesar de que diversas questões englobam a ideia de eficiência energética, o principal vilão ainda é o desperdício, seja em deixar uma luz acesa, na não modernização dos equipamentos, na falta de eletrificação, até o uso irracional da energia roubada. Nesse contexto, algumas ações podem ser realizadas a fim de economizar esse recurso tão importante. 
A parte de Iluminação é a mais fácil e rápida. Praticamente tudo mundo, empresas ou consumidores finais, já fizeram a troca das antigas lâmpadas por Led, investiram em ambientes mais abertos com mais iluminação ou até na modernização nos geradores de energia. 
Avançando um pouco, partimos para o conceito de Automação, utilizado principalmente em empresas, fábricas e escritórios. A ideia é implementar sensores para automatizar tudo, iluminação, ar condicionado etc. “A Siemens conta com um sistema com IoT na fábrica de Jundiaí, onde não só é possível ver a presença das pessoas, mas também a luminosidade externa e temperatura ambiente” – conta Jacobsen.
A grande questão é em como utilizar melhor o prédio em determinados momentos. Se tem luz de fora, não há a necessidade de iluminação 100%. Se tem gente no ambiente, o ar condicionado pode ficar em intensidade maior, mas se não tem ninguém por muito tempo se desliga ou diminui. Até mesmo na parte desse equipamento que não é vista, o caso dos Chillers – Central de Água Gelada – a economia é enorme, pois não será gelada água que não será usada. 

Como aumentar a eficiência energética

Como aumentar a eficiência energética

Nos chamados Prédios Inteligentes tudo é parametrizado a partir de sensores de dados, o uso de ambientes, mapa de calor, quantidade de pessoas no local e muito mais. Se é preciso de ar mais frio devido ao uso de equipamentos, isso será ajustado. Se for necessário realocar pessoas em determinado dia e horário para outro ambiente, ao invés de ficar vários pequenos grupos em ambientes separados, o sistema faz. 
“Até em tempos de Covid, a ferramenta ajuda. Através do mapa de calor foi possível identificar ambientes com mais uso e intensificar a limpeza” – destaca o Vice-presidente da área de Smart Infrastructure da Siemens. Ele conta ainda que no último mês, pensando em escritório e fábrica (esses locais são bem grandes e não precisam de iluminação na intensidade máxima o tempo todo), foi possível uma economia de 40%. 
Por fim, como minimizar perdas? Esse tópico tem também como aliado a tecnologia. Hoje, há softwares que permitem coletar informações dos medidores dos consumidores, através de algoritmos e inteligência, e perceber quais são os possíveis fraudadores. Com isso é possível realizar inspeções e regularizações muito mais assertivas. Uma concessionaria, por exemplo, teria que ir de um em uma para identificar o roubo. 
Além de tantos recursos para economizar, não podemos esquecer das alternativas disponíveis na busca por mais eficiência energética. As fontes de energia renováveis já são uma realidade nesse contexto, Jacobsen destaca a Energia solar, a Mobilidade elétrica e o Armazenamento de energia, por meio de baterias. 
A Solar é uma realidade, apesar do investimento alto, se paga. Vale lembrar que novos modelos de negócio estão surgindo para fomentar o setor, já é possível financiar esse tipo de solução dando cada vez mais acesso e incentivo para os interessados. 
O Setor de veículos elétricos está crescendo bastante. Primeiro nos transportes de carga, que são aqueles caminhões de baixo alcance, em distribuidoras de bebidas como Ambev e Coca Cola, uma vez que essas empresas estão comprometidas com a redução de emissões e com o tema sustentabilidade. 
Depois, o transporte de passageiros coletivos foi o setor que mais despontou e surpreendeu. Na cidade de São Paulo há, inclusive, uma lei que determina que até o fim desse ano serão 800 ônibus elétricos e até 2024, 2600. Em outras capitais também já é possível ver corredores elétricos de ônibus.
Os carros de passeio estão mais devagar, mas ainda há procura. As próprias montadoras estão investindo em infraestrutura para atender o público que já tem esse tipo de veículo e para os novos. É importante destacar que em todos os casos, se o veículo elétrico tiver uma renovável agregada, melhora e se aproveita ainda mais a eficiência.
O uso de baterias é a grande novidade, com bastante procura e perspectiva futuras. As renováveis intermitentes, que dependem de fator externo como sol e vento podem ser armazenadas em grandes bancos de baterias (containers) com várias células. Na prática, essas baterias são carregadas no momento que ninguém está usando energia, que inclusive é muito mais barato, e descarregadas em um horário de pico, onde é mais caro. 
Assim, a demanda contratada cai e por consequência alivia a rede elétrica e a necessidade de expansões. Além disso, diminui a quantidade de não renovável, uma vez que todo mundo está consumindo ao mesmo tempo e hidroelétricas também não dão conta, armazenando e despachando nos horários mais necessários e com mix maior de não renováveis. 
“A partir do momento que o governo entender que podemos ter grandes retornos energéticos e ambientais com a eficiência energética, reduzindo custos com ampliações na geração e distribuição de energia daremos um grande passo para alcançarmos ainda mais essa eficiência. Precisamos encurtar o relacionamento de governo, Escos (Empresas de Serviços de Conservação de Energia), Concessionárias e usuários finais, assim, teremos melhores resultados para todos” – afirma Oliveira. 
Para ele as empresas e pessoas podem ajudar nesse processo buscando informações nos setores especializados, abrindo canais de relacionamento e de crédito para financiar projetos que tragam excelência no uso da energia.

Impacto positivo
A eficiência energética está totalmente ligada à sustentabilidade para proporcionar um consumo e produção mais responsáveis, com menor riscos e problemas ambientais. Segundo Castro, além da contribuição à sociedade com menos impacto e maior redução das emissões de carbono, alcançar essa eficiência corrobora na redução com custos internos na conta de energia, promove a redução na produção de dióxido de carbono (CO2) e do ritmo do aquecimento global. 

Como aumentar a eficiência energética

Somado a isso, alcançando este feito, há menor impacto ambiental, pois a energia limpa – especialmente as fontes alternativas, como a solar – exigem menos interferência nos ecossistemas para ser adquirida. Além da economia financeira, também de recursos, contribuindo para minimizar uma crise elétrica no país. 
“A Panasonic se preocupa em desenvolver produtos com tecnologia a favor do meio ambiente e trabalha com diversas inciativas para reduzir o impacto ao ecossistema em que está inserida. Atualmente, toda energia consumida é proveniente de fontes renováveis e compensa 100% de sua pegada de carbono” – enfatiza Castro.
Nesse sentido, a conservação dos escassos recursos naturais, nos leva a crer que preservar é uma obrigação dos países. Eficiência energética, no cenário atual, é, mais que nunca, essencial para diminuir os impactos ambientais e estruturais. A geração de empregos em setores que trazem soluções de eficiência será um dos benefícios para a economia, além de muitos outros.
“O Brasil ainda não está em condições adequadas no setor, segundo o relatório anual ‘’2022 International Energy Efficiency Scorecard’’, publicado pela organização sem fins lucrativos Conselho Americano para uma Economia Eficiente em Energia (ACEEE), estamos na posição 19º lugar numa relação de 25 países em que mais de 80 % de toda energia do planeta é consumida. O Brasil fez 34 pontos num total de 100 possíveis dos tópicos analisados. Comparando, a França em primeiro lugar este ano 74,5/100 pontos” – afirma Oliveira.
Para ele, considerando a escassez dos recursos naturais, considerando os custos necessários para a implantação de novas usinas (hidrelétricas, nucleares, eólicas, solares, entre outras), a eficiência energética possui condições de prorrogar e até mesmo eliminar estes investimentos com valores bem menores. 
 

Contatos
ABESCO:
www.abesco.com.br 
Panasonic: www.panasonic.com
Siemens: www.siemens.com

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