Conforme saneamento amplia serviços, empresas do setor focam em digitalização com boom de soluções

No Brasil, a automação no saneamento é díspar. “Existem regiões defasadas 30 anos no saneamento, onde não existe quase nada de automação e outras que aplicam novos sistemas em 100% das obras”


Conforme saneamento amplia serviços, empresas do setor focam em digitalização com boom de soluções

No Brasil, a automação no saneamento é díspar. “Existem regiões defasadas 30 anos no saneamento, onde não existe quase nada de automação e outras que aplicam novos sistemas em 100% das obras” – ressalta Jeyson Berlanda, diretor da Infinium Automação Industrial. “Conforme a disponibilidade dos serviços de saneamento é ampliada, será preciso maior automação das unidades” – afirma José Eduardo Garbin de Oliveira, engenheiro de vendas de Drives da Danfoss do Brasil. 
Há diferenças significativas entre as regiões. Hoje 54% dos brasileiros têm acesso à coleta e tratamento de esgoto. “Não há como utilizar automação em uma infraestrutura que ainda precisa ser ampliada. Outro fator é a demanda atendida por empresa de saneamento. Para abastecer uma grande cidade, é preciso que a estrutura de água e esgoto disponha de telemetria e sistema de supervisão das operações para economia de energia, melhora no controle de perdas etc., essenciais para reduzir custos operacionais” – expõe. 
Em apenas seis das 27 Unidades Federativas, a proporção de residências com coleta e tratamento de esgoto é superior a 50%, de acordo com dados de 2017. Há algum nível de automação na coleta e disposição final do efluente. “Enquanto a realidade para a água já é melhor e o percentual de automação também, pois 83,7% dos brasileiros são atendidos com água tratada” – relaciona Oliveira.
Hoje está em desenvolvimento uma jornada de digitalização em todas as empresas de saneamento. “Já temos uma miríade de soluções digitais e a adoção depende do nível de conhecimento técnico, estruturação das diferentes fases e tempo de implementação e recomendações da International Water Association (IWA)” – diz Glauco Montagna, líder regional América do Sul para saneamento da Schneider Electric. 
E mais: “O mercado global de soluções de Smart Water cresce a uma taxa três vezes mais rápida que a de saneamento” – afirma Montagna. Smart Water são soluções de detecção de vazamentos, gestão de ativos, otimização de sistemas com soluções digitais, modelagem de dados e modelagem hidráulica.

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Mais números 
A disseminação dos sistemas automatizados tem origem no circuito de captação, adução, tratamento, reservação e distribuição da água, deixando a captação do esgoto em segundo plano. “Com a crise hídrica de 2014, ficou mais perceptível a fragilidade do sistema de captação dos mananciais. A rede necessitava de integração para equalizar Demanda de Água X Produção” – analisa Gabriel Dallacqua, especialista de vendas para saneamento da Novus.
O aspecto comercial do negócio é outro fator que influi no motivo de ter maior modernização na rede de água do que na rede de esgoto. 
“A ampliação da distribuição de água resulta em maior receita, enquanto o aumento da rede coletora de esgoto pode ser visto como elevação de custos” – observa Dallacqua. Segundo ele, pelo bem da sociedade, este gap entre os dois sistemas vem diminuindo. “Com as exigências por crescimento sustentável em nível global, as empresas de saneamento mudaram sua gestão estratégica, incorporando diretrizes de preservação do meio ambiente” – avalia.
“Atingimos cerca de 15% de todo o mercado brasileiro de automação em saneamento. Perto de 80% destes sistemas estão em estatais de grande porte e os demais 20% em autarquias municipais ou concessionárias com parceria público-privada. Nosso crescimento médio é de 20% ao ano” – afirma Jones Clemente Camilo, gerente de aplicações e vendas da Altus. Ao longo da história, a empresa implantou equipamentos em diversos portes de estações, como a ETA Taiaçupeba (Suzano/SP), que trata acima de 10 m3/s.
No mercado de saneamento há mais de 25 anos, o foco da empresa de 2000 para cá tem sido fornecer produtos, deixando a integração para parceiros e  cliente final executarem. Por esse motivo, mesmo sem detalhes de todas as aplicações e o tamanho do segmento com precisão, extraiu esta análise do mercado em 2020:

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O gerente da Altus cita os números que representam apenas 2020. Segundo ele, as aplicações ficam 15% em Estações de Tratamento de Água (ETAs) e 20% em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). No número das ETEs, pequena parcela é reúso, desprezível para essa contagem. Os demais 65% são divididos em estações de bombeamento e reservatórios, incluindo: poços, Estações Elevatórias de Esgoto (EEEs), válvulas redutoras de pressão (VRPs), Estações Elevatórias de Água Bruta (EEABs), Estações Pressurizadoras de Água Tratada (Boosters), sistemas de dosagens, ponto crítico, entre outros. Deste montante, há sistemas móveis e com IoT, mas ainda é pouco, pois a maioria destas estações trabalha com controle automático e telemetria tradicional, por rádio, 3G, MPLS – encaminhamento de pacotes em rótulos –, entre  outros. 
Conforme o gerente, são utilizados protocolos abertos Modbus RTU ou Modbus TCP. Por se fácil de implementar, o Modbus é um dos protocolos mais usados em automação industrial. Sistemas com IEC104 também, há tendência para esse protocolo. Sistemas com MQTT – protocolo de comunicações Machine-to-Machine e IoT – estão apenas em testes, em 2021, apareceram aplicações, mas o percentual de participação não está computado. E há estudos embrionários para implantar Inteligência Artificial (AI), nada padronizado e prático ainda.
Apenas 1/5 destes sistemas opera em malha fechada, colocando blocos PID, que executam algoritmo de controle Proporcional, Integral e Derivativo. “Desta parcela, pelo menos a metade poderia ter ajuste fino para melhorar a eficiência energética, reduzir gastos com produtos químicos e minimizar desgastes de sistemas de bombeamento” – diz Jones Camilo. 

Benefícios envolvidos
Benefícios da automação no tratamento de água e esgoto: 
• Redução do desperdício na distribuição com monitoramento de pressão, vazão e nível de reservatórios em tempo real;
• Menor consumo de produtos químicos com controle mais preciso;
• Diminuição do consumo de energia elétrica com controle eficaz de estações de bombeamento e preciso dos níveis de reservação sem extravasamento;
• Melhoria de controle dos processos;
• Redução dos custos operacionais; 
• Melhor conhecimento e controle dos processos com transformação de dados em informação da Indústria 4.0;
• Aumento da eficiência nas operadoras; 
• Melhoria da qualidade dos serviços; 
• Atendimento das regulamentações; 
• Aumento da vida útil dos ativos; 
• Melhor resposta a cenários críticos; 
• Grandes melhoras nos índices de ESG, que medem padrões ambientais, sociais e de governança em melhores práticas de sustentabilidade. 
Fonte: Infinium, Danfoss e Schneider Electric.
“O indicador que diz que para cada R$ 1 investido em saneamento são economizados R$ 5 em saúde é razão essencial para que toda a infraestrutura de saneamento seja universalizada, desde a captação e distribuição de água tratada até a coleta, tratamento e disposição final do esgoto tratado” – aponta José Eduardo Garbin de Oliveira, da Danfoss.

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“O setor de água e saneamento no Brasil tem buscado a excelência operacional, tratando os recursos hídricos com mais responsabilidade, visando à eficiência e qualidade no atendimento à população. As empresas procuram soluções para o combate de perdas, a redução dos custos de energia e a eficiência no uso de produtos químicos” – pondera Pablo Fernández, desenvolvedor de negócios / especialista de vendas da Siemens no Brasil.
A automação e a digitalização desempenham papel-chave para atingir estas metas. “Há soluções por meio das quais consegue-se verificar as perdas reais nas redes com medição e monitoramento eficiente desde a produção da água até a sua distribuição, identificando com precisão o local do vazamento” – ressalta. Com a redução de perdas de água, segundo Fernández, maior o número da população atendida com o mesmo volume de água e menor o consumo energético, pois o volume a ser bombeado pelas elevatórias é menor para atender à mesma região.  
Impactos evitados no meio ambiente: 
• Controle da qualidade da água; 
• Diminuição das perdas com melhor controle dos recursos naturais; 
• Redução da pegada de carbono com maior eficiência energética com ou sem adoção de fontes renováveis;
• Maior disponibilidade de água de reúso.
Benefícios da adoção das ferramentas digitais para a população: 
• Mais acesso à água potável; 
• Aumento na coleta de esgoto; 
• Melhoria na qualidade dos serviços das operadoras. 
Fonte: Schneider Electric.
Para Dallacqua, há uma correlação inversamente proporcional no Aumento da Rede Coletora de Esgoto X Redução de Doenças. “A automação de processos implica padrão de resultado com qualidade constante, mesmo que as variáveis que influenciam o tratamento e distribuição mudem no decorrer do tempo” – explica.
Nesta equação, fazem parte: 
• Dosagem de elementos químicos no tratamento de água; 
• Velocidade de bombeamento para a rede de distribuição;
• Velocidade de captação nos mananciais; 
• Controle da pressão de distribuição; 
• Controle de nível do sistema de reservação. 
Fonte: Novus.
Apesar de o Brasil precisar aumentar muito os investimentos, anualmente, tem crescido o número de sistemas automatizados. “O desenvolvimento tecnológico nacional é essencial para soluções que aproveitem nossos recursos naturais, geografia e topografia” – observa Jones Camilo. 
Os benefícios podem ser divididos em:
• Sociais – Em uma obra de sistema de abastecimento de água, por exemplo, é preciso instalar uma ETA e suas respectivas estações de bombeamento para retirar água de manancial ou rio. A qualidade de vida dos moradores impactados pela obra muda porque toda a região é revitalizada, reduzindo ações, como rodízio de água. Há controle melhor das perdas, por vazamento ou ligações clandestinas, que podem contaminar a água, causar erosão nas ruas, umidade nas residências, problemas em plantações, entre outros;
• Econômico-sociais – No cenário acima, em um bairro com água tratada, pequenos comércios passam a prosperar, desde salões de cabeleireiros, lanchonetes, entre outros. O saneamento interfere na economia local, gerando empregos e beneficiando pequenos produtores de alimentos. Esses impactos são mais visíveis em áreas distantes dos grandes centros;
• Capital intelectual – Para manter esse sistema, é necessário que uma empresa pública ou privada administre e controle a operação. Ela precisa desenvolver habilidades não só de automação, como também química, mecânica, hidráulica, etc. É comum promover cursos em diversas áreas, e quando se qualificam profissionais da região, o deslocamento de pessoas de outras cidades é minimizado, impactando no social;
• Empresa responsável – A automação dos processos permite à empresa ser mais eficiente. Trabalhar com sistemas autônomos possibilita menor deslocamento dos profissionais, enquanto configura faixas de trabalho para obter a qualidade necessária do tratamento. O que garante eficiência energética, economia de matéria-prima e melhor planejamento da estratégia de operação, com paradas programadas sem impacto no abastecimento de água ou na coleta do esgoto. 
Fonte: Altus.

Evolução digital 
Produtos com IoT, ainda que em fase inicial de implementação, ganham espaço no saneamento. Dallacqua diz que elementos de rede de captação e distribuição são espaçados em grandes áreas de operação, demandando dispositivos com alta conectividade e baixo consumo de energia, conceitos-base para uso de LPWA (Low Power Wide Area), que conecta coisas de menor valor agregado a redes de cobertura melhor a um custo de conexão menor. A Novus desenvolve dispositivo com protocolo LORA, para transmissão de dados em locais de difícil acesso, e já tem utilizado o protocolo de telemetria MQTT, de baixo consumo de memória e baixo processamento para envio de mensagem por meio de LB-WIFI e AG4G.
Hardware para controle está em patamar mais avançado. “O mesmo controlador é utilizado em sistemas mais complexos, que requerem mais memória, processamento de lógica e alta densidade de dados para comunicação. Com o barateamento das tecnologias de telecom, os hardwares dos controladores já têm opções para integrar com tecnologia da informação em alto nível” – comenta Jones Camilo.
Fora dos grandes centros, Capitais e arredores, muitas cidades carecem de equipamentos de telecom para integração de baixo custo. “Uma expectativa forte é a nova rede de telefonia celular. Para telemetria, já há projeto com envio eventual de pequenos pacotes com poucos dados. Em IoT, em que os equipamentos possuem diagnósticos avançados, páginas de web com informações completas e detalhadas de todo o processo, o 5G será muito bem-vindo, desde que abranja de fato todo o território nacional” – aguarda o gerente de aplicações e vendas da Altus.
Um complemento para sistema de bombeamento são os inversores de frequência. “Os sistemas incorporados já calculam a melhor curva de bombeamento para a bomba poder operar com maior eficiência energética e menor desgaste mecânico” – ressalta Jones Camilo. 
Houve projetos em que foi preciso buscar sistemas de bombeamento na Alemanha a fim de atender à eficiência energética para modernizar um grande sistema de bombeamento. “Assim como o movimento de nacionalização de tecnologias, caso dos aerogeradores para gerar energia, poderiam ser desenvolvidas soluções de alta eficiência elétrica e mecânica no Brasil mesmo para bombear água e esgoto” – sugere.
“Infelizmente, ainda é uma dificuldade e não está clara uma padronização de tecnologias que envolva desde os instrumentos de campo até a disponibilização de informações para o topo da hierarquia poder tomar decisão” – aponta Jones Camilo. Segundo ele, boas práticas têm sido adotadas para minimizar esforços durante a integração, contudo, é comum empresas do mesmo segmento terem condutas distintas para atingir o mesmo objetivo. “Este é um problema e ainda há quem erre no uso de cabos para ligar um sensor, o que é contraditório, pois se preocupa com o dado disponível para a tomada de decisão em tempo real, e o elemento que provê essa informação não está instalado adequadamente” – indaga o gerente.
A Altus desenvolve CLPs no Brasil. “Nossa tecnologia tupiniquim está sendo exportada para a Europa já alguns anos e, em 2021, abrimos as portas para o mercado norte-americano, inclusive, para sistemas de saneamento. Nossos controladores chegaram a um patamar tecnológico em que algoritmos avançados com Inteligência Artificial poderão rodar dentro da CPU com banco de dados local e análise de dados em tempo real” – revela Jones Camilo.
Esse tipo de controlador é conhecido como Edge Controller. No Brasil, não se sabe se esse nome irá virar referência, como os CLPs mais avançados são chamados de PAC (Controlador Programável para Automação) e aqui no Brasil como CLP.
“Por questões de Segurança da Informação, um desafio hoje é a dificuldade de integrar as redes de empresas de saneamento e seus fornecedores de serviços de monitoramento remoto. Se fosse possível contorná-lo, o acompanhamento da operação poderia ser mais assertivo e otimizado, tornando-a ainda mais eficiente e sustentável com menores custos” – diz Oliveira, da Danfoss. 

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O monitoramento remoto por meio de nuvem proprietária seria benéfico para a manutenção dos equipamentos da planta, tornando-a mais previsível e assertiva. “Beneficiaria a integração das redes e seria possível acompanhar como os equipamentos estão funcionando com dados coletados em tempo real e compará-los a um padrão definido como ideal para as máquinas operarem” –   ressalta. 
Componentes de automação, como inversores de frequência, por exemplo, são capazes de “aprender” como é o funcionamento normal para um conjunto moto-bomba e monitorá-lo com base neste parâmetro. “O inversor tem informações sobre detalhes de qual seria a vibração, a isolação do motor ou o comportamento da carga considerados normais nesta operação e recebe os dados sobre como o sistema está realmente funcionando” – esclarece Oliveira. Caso haja alguma anomalia, o inversor alerta para que o operador da unidade possa tomar decisões e planejar manutenções antes que um evento corretivo inesperado ocorra, acompanhado de seus transtornos típicos.
A Siemens é parceira tecnológica das empresas do setor de água e saneamento. Suas soluções são focadas nas eficiências operacional e energética e transformam dados em informações para facilitar a tomada de decisões. “Nossas tecnologias de digitalização, automação e eletrificação estão consolidadas em todo o ciclo da água, desde a captação e transporte da água bruta, passando pelo tratamento e distribuição da água e chegando até a coleta e tratamento do esgoto” – enfatiza Fernández.
Os ganhos com economia e maior eficiência com a redução de perdas podem ser redirecionados para modernizar as estações de tratamento de água e esgoto e elevatórias. Hoje, a adoção de digitalização utiliza o parque instalado de equipamentos de cada uma das plantas, investindo somente no software. No portfólio da empresa, a solução SIWA Optim (Siemens Water Optimization) torna a operação de todas as estações elevatórias mais eficientes, atingindo níveis de eficiência energética de até 20%, sem precisar investir em novos equipamentos e/ou plataformas de automação. Essas novas plataformas são abertas e podem trabalhar com as tecnologias de todos os fabricantes. 

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A Siemens auxilia na adoção de novas tecnologias sem investir na substituição de um parque instalado inteiro. Com a solução SIWA LeakPlus (Siemens Water Detecção de Vazamentos), por exemplo, clientes atingiram níveis de 85% de redução de perda de água. 
A empresa possui ainda tecnologias com criação dos gêmeos digitais, integração da engenharia e operação, que reduzem em até 20% o tempo de engenharia e até 15% a duração de um projeto. 
A Schneider moderniza as operações de água e esgoto por meio da integração de softwares agnósticos e hardwares conectados com protocolo aberto para obter ganhos operacionais e maior transparência dos dados de campo. Aquisições, como as da Aveva e da OsiSoft, softwares e serviços de dados industriais em tempo real com foco em estratégias eficientes de transformação digital, vêm complementar o portfólio da empresa, que destina 73% dos investimentos à criação de soluções novas e mais sustentáveis.
Para a empresa, o mercado deve evoluir para equipamentos mais conectados com protocolos abertos para monitorar a performance em tempo real e mais disponibilidade por meio de manutenções preditivas e interações remotas sem precisar de atendimentos presenciais, agilizando a resolução de problemas. Enquanto os sistemas de bombeamento, que consomem até 80% da energia elétrica de uma operadora, monitorados e com maior performance energética. Além disso, sistemas de acionamento das bombas com total transparência dos dados de operação e antecipação de falhas.

Ideal automatizado 
A automação no saneamento é um caminho necessário. “O ideal é encontrar um ponto de equilíbrio entre identificar funcionalidades realmente necessárias que tornarão os sistemas mais confiáveis e com vida útil maior e dimensionamentos exagerados que encarecem o sistema, inviabilizando sua implantação, devido ao alto investimento inicial e mão de obra qualificada para mantê-lo em operação” – explica Berlanda, da Infinium. Ele diz que existem hoje em todas as regiões do País soluções eficazes e viáveis com custo de implantação menor que conseguem ser mantidas pela mão de obra. 

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“O nível mais completo de automação pode ser atingido com a digitalização de toda a malha de controle, permitindo modelagem de operação e simulação de falhas e comportamentos em vista das diversas variáveis de entrada do sistema” – salienta Dallacqua, da Novus. Segundo ele, o uso de Big Data para concentrar todos os dados gerados e a implementação de algoritmos para análise e aprendizagem de máquina são os próximos passos da Era de Automatização. 
O ideal em automação é abstrato, principalmente em saneamento. “Alguns deixam sistemas isolados com controles espalhados no campo. Enquanto outros colocam CLP redundante para controlar remoto entradas e saídas sem processamento no campo. A Altus respeita cada forma de atuar, deixando nosso controlador trabalhar flexível para variados gostos e necessidades” – ressalta Jones Camilo.
Como o Brasil é um país em desenvolvimento, Jones explica que a médio prazo (quatro a cinco anos) – e o Marco Regulatório poderá ajudar – espera-se que os sistemas de saneamento consolidem-se no patamar de Indústria 3.0, Automação Industrial ideal. Neste contexto, o uso de controladores programáveis, interfaces homens-máquinas, inversores de frequências, sensores e atuadores esteja padronizado e automático, com malhas de controles adequadas e já atingindo estágio de plenitude quanto à eficiência energética, economia de produtos químicos e controle de perdas, sendo mais eficientes. 
Em paralelo, segundo ele, a Indústria 4.0 trabalha os dados e facilita a tomada de decisão, com controles por Inteligência Artificial e Georeferenciamento vinculados com informações de clima e integrando com as grandes barragens geradoras de energia elétrica. 
A longo prazo (acima de cinco anos), com esta combinação, de acordo com o gerente da Altus, serão implantadas tecnologias já desenvolvidas que precisam de investimentos para entrar em uso, como dessalinização da águas, construção de adutoras para saneamento básico e incentivo ao plantio em áreas áridas, revitalizando boa parte do território nacional, minimizando desmatamento e recompondo florestas, açudes, manguezais e toda a biodiversidade. 
O ideal seria que as plantas das empresas de saneamento garantissem elevada disponibilidade operacional e bom planejamento de seus ativos. “O custo-benefício das tecnologias precisa ser ponderado com sistemas que disponham de dados completos das operações para que possam monitorá-las e controlá-las da melhor forma possível, minimizando riscos de quebras de equipamentos e paradas dispendiosas que comprometam o abastecimento de água ou até causem despejo de efluente não tratado nos rios” – afirma Oliveira, da Danfoss.
“A perspectiva para o futuro é que estes componentes de automação não apenas desempenhem suas funções básicas, mas agreguem dados para tornar os processos de operação e manutenção mais inteligentes” – diz o engenheiro.  Oliveira cita que um inversor de frequência, por exemplo, não se limitaria apenas a controlar e monitorar a velocidade dos motores. “Disponibilizaria dados relevantes da operação de forma mais previsível e assertiva, mostrando como os componentes da planta estão funcionando e como deveriam funcionar. Assim, a área de operações da empresa de saneamento pode saber exatamente como está o funcionamento da unidade em tempo real, otimizando seu trabalho” – destaca. 
Com o novo cenário no setor, diversas oportunidades surgirão para a adoção destas tecnologias em escala maior. “Hoje, as soluções da Siemens tornam as redes de esgoto inteligentes, diminuem as perdas de água, tornam os ativos inteligentes, auxiliam no planejamento da manutenção das redes de distribuição/coleta e plantas de tratamento de água e esgoto” – conta Fernández. 
De acordo com ele, é possível alcançar inúmeros ganhos durante toda a fase de planejamento, execução, operação e manutenção de todas as plantas por meio de soluções de engenharia e operação integradas, gêmeos digitais, integração com Building Information Modeling (BIMs). “Já criamos um gêmeo digital de uma ETE que permitiu simular diversos cenários no ambiente virtual. Foi possível antever quais ações tomar em situação de bloqueio, por exemplo, o que faz a operação atuar de forma muito mais rápida e precisa na solução do problema” – comenta Fernández.
“O cenário ideal é aquele que os operadores conseguem extrair o máximo de dados de desempenho da infraestrutura física, conectando-se à transparência da rede de processamento e distribuição de dados, além do rastreamento dos ativos hídricos” – diz Montagna, da Schneider Electric. Para obter transparência, segundo ele, equipamentos essenciais, como motores, acionamentos e bombas, precisam incorporar sensores para coletar os dados. 
Os softwares baseados em nuvem podem se conectar a silos de dados de diferentes fontes: laboratório, supervisório, gestão de energia, geolocalização, atendimento a consumidor etc. e consolidar/combinar esses novos dados com o contexto do negócio da operadora de saneamento. “Assim que o acesso a dados significativos for alcançado, as soluções de aprendizado de máquina podem ser implantadas para extrair tendências desse amplo conjunto de dados. Dessa forma, decisões mais rápidas e sustentáveis podem ser tomadas sobre os ativos hídricos à medida que fluem pelos processos” – explica.
“Como tendência para o futuro, o potencial para atingir a sustentabilidade reside no treinamento de algoritmos inteligentes, ou Inteligência Artificial (IA), para tomar decisões em tempo real, incorporando pontos de dados que nenhum ser humano poderia processar em tempo hábil para gerar decisões autônomas” – afirma Montagna.

Plataforma 
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) executa os serviços de água e esgoto de Marechal Cândido Rondon (PR). Para automatizar seu sistema de abastecimento, a empresa decidiu utilizar o Elipse E3, da Elipse Software, que realiza com agilidade ajustes, melhorias e expansões no sistema. O SAAE utiliza a plataforma para monitorá-lo, remoto e em tempo real, ação antes feita apenas presencial em suas unidades operacionais. 

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A comunicação entre as estações remotas e o Elipse E3 é feita via protocolo Modbus. Com o Elipse E3, o SAAE monitora e executa comandos nas 31 unidades do sistema. Disponibiliza uma tela a cada unidade pela qual são supervisionados níveis de vazões, pressões, tensões e correntes registrados pelos CLPs dos painéis de telemetria de cada estação remota. 
Na mesma tela, com o E3 é possível monitorar a condição das motobombas, se alguma está com defeito, sob manutenção ou em operação; acompanhar ou resetar o período, em horas, de funcionamento das motobombas; e visualizar e ajustar as configurações-padrão destes equipamentos para as tensões, correntes e pressões com que bombeiam a água. 
O software controla os níveis de água nos reservatórios, ajustados para que o sistema ligue ou desligue as motobombas conforme necessário, garantindo abastecimento e redução de desperdícios. O Elipse E3 permite selecionar quais estações devem funcionar nos horários de ponta conforme a demanda. Emite relatórios dos eventos, históricos e alarmes. 
A mesma análise de desempenho das unidades é realizada em gráficos. O operador é informado pelo software sobre inconsistência no sistema, como um vazamento de água, podendo agir rápido para solucioná-lo. 
Principais benefícios do Elipse E3 no SAAE: acompanhamento em tempo real do sistema; gráficos de registros dos alarmes e eventos; menos desperdício de água; menos interrupções de energia; menos falhas no conjunto motobomba;  menos problemas com pressões e vazões de bombeamento; comandos remotos, executando in loco apenas alguns ajustes e manutenções; e programação personalizada de desligamentos para recarga de fontes e para os sistemas, nos horários de ponta de energia elétrica. 

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Contato das empresas
Altus:
www.altus.com.br 
Danfoss do Brasil: www.danfoss.com 
Elipse Software: www.elipse.com.br
Infinium Automação Industrial: www.infiniumautomacao.com.br
Novus: www.novus.com.br
Schneider Electric: www.se.com 
Siemens no Brasil: www.siemens.com
 

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