Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

Efluentes domésticos são as águas residuais geradas a partir das atividades diárias nas residências e estabelecimentos similares, como condomínios e prédios comerciais. Essas águas incluem uma variedade de tipos de resíduos provenientes de banhos


Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

Efluentes domésticos são as águas residuais geradas a partir das atividades diárias nas residências e estabelecimentos similares, como condomínios e prédios comerciais. Essas águas incluem uma variedade de tipos de resíduos provenientes de banhos, descargas de sanitários, lavagem de louças, roupas e outras atividades de limpeza. 
“Trata-se de todos os rejeitos, tanto líquidos como sólidos, que sobram do cotidiano e manutenção da vida humana. De acordo com sua origem, podem ter diversos tipos de contaminantes, como sólidos em suspenção - que é material essencialmente orgânico, gorduras, resíduos químicos de shampoos, sabões etc” – destaca Engº Francisco Oliver, diretor técnico Industrial da Fluid Feeder.
Nesse sentido, após ser utilizada, essa água se torna poluída, justamente devido à presença dessas substâncias, dos restos de alimentos e dos resíduos orgânicos. Segundo Emilio Bellini, diretor da Alphenz, existem três principais tipos de efluentes domésticos, cada um com suas características específicas.  
Águas Residuais Domésticas: São provenientes das atividades diárias realizadas nas residências. Elas contêm uma variedade de poluentes, incluindo matéria orgânica biodegradável, nutrientes como nitrogênio e fósforo, produtos químicos provenientes de produtos de limpeza e resíduos sólidos suspensos.  Esses efluentes geralmente requerem tratamento para remover os poluentes antes de serem descartados no ambiente. 
Águas Cinzas: São as águas provenientes de processos não poluentes, como banhos, lavagem de roupas e louças. Geralmente possuem menos carga orgânica e poluentes, contendo principalmente resíduos orgânicos solúveis e produtos químicos provenientes de produtos de higiene, uma vez que são provenientes de atividades domésticas não ligadas ao banheiro.
Sendo assim, podem ser coletadas separadamente para reúso em atividades não potáveis, ou seja, ser tratadas para remoção de poluentes leves e, em seguida, reutilizadas, por exemplo, para irrigação de jardins ou descargas de sanitários.
Águas Negras: São as águas resultantes das descargas de sanitários, contendo matéria fecal, urina e outras substâncias orgânicas e inorgânicas. Esses efluentes têm uma alta carga de poluentes, incluindo patógenos, e, portanto, exigem tratamento mais rigoroso. A remoção eficaz de matéria orgânica e patógenos é essencial para evitar a contaminação do ambiente aquático e a propagação de doenças.
“É importante mencionar que algumas águas, como a de lavagem de pisos e paredes, a de Descarga de Ar-Condicionado, Lava-Rápidos e Jardins também podem ser consideradas como um tipo de efluente doméstico” – complementa Bruno Dinamarco, diretor executivo da B&F Dias.

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

É fundamental buscar o trata-mento adequado 
De acordo com Dinamarco, cada tipo de efluente doméstico possui composições e características específicas, o que diferencia é a forma como esses resíduos são tratados antes de serem devolvidos ao meio ambiente. O tratamento adequado é de extrema importância por várias razões. A primeira delas é em relação à proteção da saúde pública, uma vez que o tratamento adequado remove patógenos e microrganismos causadores de doenças presentes nos efluentes, evitando a disseminação de enfermidades pela contaminação da água potável e do ambiente aquático. 
No viés da preservação ambiental é possível reduzir a carga de poluentes, nutrientes e substâncias químicas nos efluentes antes de serem descarregados em corpos d’água naturais. Isso previne a poluição de rios, lagos, aquíferos e mares, protegendo ecossistemas aquáticos sensíveis. 
O tratamento adequado também permite o reúso de água tratada para fins não potáveis, como irrigação, descargas de sanitários e limpeza. Isso ajuda a conservar os recursos hídricos, reduzindo a demanda sobre as fontes de água fresca. Ademais, a remoção de nutrientes dos efluentes ajuda ainda a prevenir a eutrofização, um processo no qual a água se torna excessivamente rica em nutrientes, levando ao crescimento descontrolado de algas e redução da qualidade da água e degradação ambiental.
Sem falar que também é importante para à prevenção de odores e impactos estéticos reduzindo a presença de resíduos orgânicos que podem gerar odores desagradáveis e impactos visuais negativos nas áreas de descarga. Além de cumprir as regulamentações e leis ambientais a fim de evitar multas e sanções legais, demonstrando responsabilidade e compromisso com a comunidade e o meio ambiente. 
Isso contribui para a promoção de uma imagem positiva das empresas e instituições que implementam práticas de tratamento adequado. Áreas urbanas com sistemas eficazes de tratamento de efluentes têm menos riscos de doenças relacionadas à água, melhor qualidade do ar e um ambiente mais saudável, o que contribui para a qualidade de vida dos residentes.
Por último, o tratamento de lodo proveniente do tratamento de efluentes pode resultar na produção de biogás e biofertilizantes, contribuindo para um ciclo mais sustentável de recursos. 
“Em resumo, o tratamento de efluentes domésticos é vital para garantir água limpa, ecossistemas saudáveis e a saúde pública. Ele desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio entre os seres humanos, a natureza e o ambiente construído, promovendo um desenvolvimento sustentável e responsável” – enfatiza Emilio Bellini.

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

Vale destacar que escolher o processo mais indicado envolve uma avaliação cuidadosa das características do efluente, dos objetivos de tratamento, das restrições ambientais e dos recursos disponíveis. Alguns passos são importantes para fazer a escolha adequada.
Caracterização do Efluente: Analisar as características físicas, químicas e biológicas do efluente, considerando a carga de poluentes, a presença de patógenos, nutrientes e outros contaminantes. Isso ajudará a entender a complexidade do tratamento necessário. 
Normas e Regulamentos: Consultar as regulamentações locais e nacionais que estabelecem os padrões de qualidade da água para descarga ou reúso a fim de garantir que o tratamento escolhido atenda nível necessário, ou seja, os requisitos legais.
Objetivos de Tratamento: Definir claramente quais são os objetivos do tratamento, seja a remoção de patógenos, nutrientes, matéria orgânica ou a preparação da água para reúso. 
Disponibilidade de Recursos: Avaliar disponibilidade de espaço, energia, água, recursos financeiros, tecnológicos e de mão-de-obra. Alguns tratamentos podem exigir investimentos significativos em infraestrutura e equipamentos. 
Custo de Implantação e Operação: Comparar os custos de instalação, operação e manutenção das diferentes opções de tratamento.
Projeção e escalabilidade: Considerar a capacidade do sistema de tratamento de se adaptar a mudanças futuras, como aumento da população atendida. Além disso, é fundamental escolher um sistema de tratamento que seja compatível com a capacidade técnica e operacional da equipe encarregada do tratamento.
Avaliação de Alternativas: Analisar as várias técnicas e alternativas de tratamento, comparando seus custos, eficiências e impactos ambientais. É importante consultar especialistas para obter insights sobre as opções, principalmente em casos complexos.
Sustentabilidade: Priorizar técnicas que sejam ambientalmente sustentáveis, como a reutilização de água tratada quando possível, a geração de energia a partir do tratamento de lodo e a minimização do uso de recursos naturais e a geração de resíduos.
Eficiência de Remoção: Considerar a eficácia esperada do tratamento em relação à remoção de poluentes específicos faz a diferença. Alguns tratamentos são mais eficientes na remoção de determinados tipos de poluentes do que outros.
Flexibilidade e Escalabilidade: Considerar se o sistema de tratamento pode ser ajustado para lidar com variações na carga de efluentes ao longo do tempo.
Potencial para Reúso: Avaliar se o efluente tratado pode ser reutilizado para fins não potáveis, como irrigação ou descarga de vasos sanitários.
“Geralmente, um sistema de tratamento eficaz envolve uma combinação de diferentes técnicas para atender às necessidades específicas do efluente e do local. A escolha do tratamento mais indicado é um processo que exige análise cuidadosa e consideração de diversos fatores para garantir a qualidade da água tratada e o cumprimento das normas ambientais” – enfatiza Dinamarco.

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

Vale ressaltar que é fundamental que seja realizado sempre um tratamento prévio dos efluentes antes de qualquer descarte no meio ambiente. Caso isso não seja realizado, existem riscos iminentes de enfrentar penalidades severas e ações legais. 
“O Decreto 8468\76, que determina o modo como deve ser feito o descarte de resíduos no Estado de São Paulo, define a proibição do lançamento ou liberação de poluentes nas águas, no ar ou no solo, sendo considerado “poluente” toda e qualquer forma de matéria ou energia lançada ou liberada nestes elementos” – enfatiza Livia Baldo, especialista em gestão de resíduos e gerente da Tera Ambiental.

Tipos de tratamento e seus processos
Oliver explica que as alternativas para tratamento são muitas, ou seja, dependendo do tipo e características dos contaminantes presentes no efluente, pode-se fazer um tratamento físico, químico e biológico, ou uma combinação deles. Como escolher o tratamento mais adequado vai depender das características demandadas.
O que pode variar muito, por exemplo, é a quantidade a ser tratada e os contaminantes presentes, ou seja, deve-se fazer uma análise quantitativa e qualitativa do efluente para poder decidir qual o tratamento mais adequado tanto quanto à sua viabilidade técnica como econômica.
Tratamento Biológico: Utiliza microrganismos para degradar a matéria orgânica presente nos efluentes. Pode ser realizado de forma aeróbica (com presença de oxigênio) ou anaeróbica (sem oxigênio), sendo eficaz para tratar águas residuais domésticas e cinzas, especialmente a fase de tratamento secundário. Reatores biológicos, lagoas aeradas e sistemas de lodos ativados são exemplos de processos aeróbicos. A digestão anaeróbica é usada para tratamento de lodos e águas negras. 
Tratamento Físico-Químico: Envolve processos como coagulação, floculação e filtração para remover sólidos em suspensão, matéria orgânica e compostos químicos. Pode ser usado como complemento ao tratamento biológico, e é frequentemente empregado no tratamento terciário para melhorar a qualidade da água após processos biológicos, especialmente em águas residuais domésticas. 

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

Desinfecção: Visa eliminar microrganismos patogênicos remanescentes após os processos de tratamento. A cloração, ozonização e irradiação ultravioleta são métodos comuns de desinfecção, que é essencial para garantir que as águas tratadas estejam livres de agentes infecciosos antes de serem liberadas no ambiente ou reutilizadas. 
Sistemas de Reúso de Água: Trata as águas residuais para torná-las adequadas para reutilização em atividades não potáveis, como irrigação, descargas de sanitários e limpeza. É especialmente relevante para águas cinzas tratadas, e englobam processos como filtragem, desinfecção e armazenamento. São empregados para garantir que a qualidade da água atenda aos padrões estabelecidos para seu uso pretendido. 
Tratamento de Lodo: Envolve o tratamento dos resíduos sólidos gerados durante o processo de tratamento de águas residuais. O lodo pode passar por digestão anaeróbica ou ser desidratado e incinerado. Essa ação é importante para reduzir o volume de resíduos e possibilita recuperar energia na forma de biogás. 
“Cada técnica e alternativa de tratamento tem suas vantagens e desvantagens, a escolha depende das características do efluente a ser tratado, dos recursos disponíveis e dos padrões de qualidade da água a serem alcançados. A combinação adequada dessas técnicas pode resultar em um tratamento eficaz e ambientalmente sustentável dos efluentes domésticos” – destaca Bellini.
De um modo geral e simplificado, o passo a passo geral de um sistema de tratamento de efluentes domésticos é composto por algumas etapas. A primeira delas, segundo Dinamarco começa com a coleta dos efluentes domésticos por meio de redes de tubulações que transportam os esgotos de casas e edifícios até a estação de tratamento. Durante o transporte, alguns sistemas podem ter etapas de pré-tratamento, como grades e caixas de areia, para remover materiais sólidos maiores.

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

O segundo passo é tratamento preliminar, onde os efluentes coletados passam por etapas de tratamento preliminar para remover materiais sólidos, como folhas, plásticos e detritos, além de areia e gordura. Isso evita obstruções nos equipamentos e processos subsequentes.
Depois, no tratamento primário, os efluentes são submetidos a processos físicos que visam a remoção de sólidos suspensos maiores e a separação de óleos e gorduras. Isso pode envolver sedimentação em tanques ou lagoas de decantação, onde os sólidos mais densos se depositam no fundo.
O quarto passo é o tratamento secundário que envolve a introdução de microrganismos que degradam a matéria orgânica presente nos efluentes. Após isso, a água passa por processos de desinfecção para eliminar microrganismos patogênicos restantes através da cloração, radiação ultravioleta (UV) ou outros métodos de desinfecção. 
O tratamento terciário (Avançado) é a etapa seguinte. Algumas estações de tratamento implementam etapas avançadas para remover poluentes específicos. Isso pode incluir processos de filtração adicional, oxidação química avançada ou tratamento de nutrientes, como nitrogênio e fósforo.
Depois de passar pelas etapas de tratamento, o efluente tratado é direcionado para um corpo receptor, como um rio, lago ou oceano, conforme permitido pelas regulamentações ambientais. Em alguns casos, a água tratada pode ser reutilizada para fins não potáveis. Por fim, a destinação do lodo.
Dinamarco lembra que a ordem e os detalhes dessas etapas podem variar dependendo do tipo de sistema de tratamento utilizado, das características do efluente e das regulamentações locais. Lembrando que o tratamento de efluentes domésticos pode envolver diferentes combinações dessas e outras técnicas.

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento


Na Tera Ambiental, por exemplo, os efluentes domésticos são encaminhados para um tratamento chamado “biológico aeróbio”, onde são utilizadas lagoas de aeração com difusores flutuantes de membranas, um sistema que não emite aerossóis, como ocorre nos sistemas onde a aeração é feita por grandes misturadores. 
Após o recebimento via caminhão, os efluentes precisam passar por uma avaliação de cor, odor e PH, para verificar suas características. Depois dos resultados são liberados para o processo de tratamento na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), até serem descartados na natureza. Já o lodo gerado desse processo, é aproveitado na compostagem, onde é transformado em fertilizante orgânico para a agricultura. 
“O tratamento adequado traz diversos benefícios sociais e ambientais, como a prevenção de danos de alto impacto no ecossistema, uma vez que essa ação evita alterações das características do solo e da água, a poluição e a contaminação destes recursos naturais. Além disso, o descarte adequado dos efluentes também pode evitar a disseminação de diversas doenças” – afirma Livia. 

Efluentes Domésticos: Tipos, características e tratamento

No ponto de vista empresarial, ainda segundo ela, a realização do processo adequado acarreta a criação de uma imagem positiva, uma vez que atualmente o comprometimento com a sustentabilidade possui grande visibilidade, sendo cada vez mais um imperativo e não mais um simples diferencial para as empresas. Dessa forma, o investimento na destinação correta dos efluentes acaba se tornando um ponto de partida primordial para a manutenção da imagem favorável dos negócios.
“O que podemos concluir é que o tratamento do efluente doméstico é de fundamental importância para a vida humana e do ambiente, pois na falta dele, pode contaminar mananciais naturais, rios, lagos e lençóis freáticos, prejudicando dessa maneira não só as vidas humanas como a fauna e flora do nosso ambiente” - finaliza Oliver. 
 

Contato das empresas
Alphenz:
www.alphenz.com.br
B&F Dias: www.bfdias.com.br
Fluid Feeder: www.fluidfeeder.com.br
Tera Ambiental: www.teraambiental.com.br

Publicidade