Tecnologias E Inovações Na Gestão Do Saneamento

O setor de saneamento passa por um momento decisivo, o Brasil possui índices alarmantes no setor, de acordo com Alexandre Lopes, presidente do SINDCON


Tecnologias E Inovações Na Gestão Do Saneamento

 

O setor de saneamento passa por um momento decisivo, o Brasil possui índices alarmantes no setor, de acordo com Alexandre Lopes, presidente do SINDCON (Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto) cerca de 34 milhões de pessoas ainda não são atendidas pelo abastecimento de água. No esgoto, quase a metade da população brasileira não possui serviço de coleta, e apenas 40% do esgoto gerado é efetivamente tratado.
O saneamento sempre foi o setor de infraestrutura que menos alavancou investimentos nos últimos anos, mas o advento da crise hídrica fez com que o setor alcançasse maior importância entre as políticas públicas de desenvolvimento.
"Uma vez que a União, estados e municípios apresentam extremo déficit fiscal e não possuem recursos para investir, a parceria com a iniciativa privada surge como imprescindível para que o Brasil atinja a meta estabelecida pelo Plansab – Plano Nacional de Saneamento Básico, de alcançar a universalização dos serviços até 2033 (o que exigiria investimentos de R$ 304 bilhões, ou R$ 15,2 bilhões/ano no período 2013-2033)", destaca Alexandre.
A iniciativa privada valoriza o planejamento e a gestão e, como tal, é um parceiro importante para que o Brasil não sinta os efeitos de uma nova crise hídrica. As concessionárias privadas de saneamento são realizadas por empresas fortemente controladas por entes reguladores e pela sociedade. Isso faz com que efetivamente o que é planejado seja executado.
Uma das questões que envolvem planejamento e na qual a iniciativa privada investe é a redução de perdas físicas de água. As perdas são hoje o principal problema de gestão das empresas de saneamento. Do total da água produzida no país, 40% é perdido ao longo do processo. Em concessionárias privadas maduras, esse índice fica na faixa dos 15%.
Para Alexandre, os projetos de serviços de água e esgoto precisam considerar também a demanda futura e a sustentabilidade dos recursos. Paralelamente, sempre que uma concessão privada passa a investir em coleta e tratamento de esgoto, ela preserva os mananciais e, consequentemente, contribui para que os recursos hídricos sejam preservados. Outra frente em que as concessionárias privadas de saneamento estão engajadas é o uso consciente da água.

Falta de investimento e dificuldades
O país ainda carece de infraestrutura para o saneamento básico em muitas cidades, onde o setor público pouco investe em obras de sistemas de coleta de esgotos sanitários, abastecimento de água, coleta de lixo, drenagem pluvial, etc. Douglas Miranda, engenheiro de aplicações da Bentley explica que já existem cidades que começaram a investir nessa área, tanto em operações públicas quanto privadas.
Existe também o investimento em tecnologias para a gestão de desempenho dos sistemas de abastecimento de água e de coleta de esgotos, principal foco da Bentley, que fornece softwares para projetos e desenvolvimento de novos sistemas e para análise hidráulica de sistemas existentes.
"O principal uso das nossas soluções por essas cidades é no apoio ao desenvolvimento de Planos Diretores de Abastecimento de Água e de Coleta de Esgotos. Isso mostra que essas cidades estão investindo em tecnologias para apoiar na gestão a médio e longo prazo de suas redes", destaca Douglas.
Para Alexandre outro grande problema é o acesso a recursos financeiros que possibilitem investir em desenvolvimento tecnológico. Em média, 50% dos investimentos privados são oriundos de recursos próprios das concessionárias, seja através das tarifas ou aporte dos acionistas. As empresas privadas não são favorecidas com recursos não oriundos do OGU.
A crise hídrica mostrou que as infraestruturas brasileiras precisam estar preparadas para situações de extrema escassez. A SABESP, com apoio do Bentley WaterGEMS, solução para simulações e análises de performance hidráulica de redes de abastecimento e produção de água, pôde estudar exaustivamente em planos emergenciais para atenuar os efeitos da estiagem, alternativas de abastecimento, alterando propriedades do sistema integrado de reservatórios, a fim de otimizar ao máximo a sua performance.
"Esse fato destaca ainda mais a importância do investimento em tecnologias para gestão de sistemas de abastecimento de água. O WaterGEMS foi de suma importância para a SABESP estudar as melhores alternativas para driblar a crise hídrica, e os diversos modelos obtidos fizeram com que a água de outros mananciais e estações pudesse ser transferida para as zonas mais críticas. Este caso de sucesso é um dos finalistas e será apresentado em detalhes durante a Premiação Mundial da Bentley – o Be Inspired Awards – onde representantes da Sabesp concorrerão ao prêmio com outros cases mundiais", completa Douglas.

 

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Setor privado
O segmento privado no saneamento é pioneiro em diversas tecnologias que possuem grande potencial, como o aproveitamento do biogás na produção de energia, água de reúso para consumo em larga escala em processos industriais, biodigestores e outras soluções. De acordo com Alexandre, a tecnologia é aliada da gestão com a qual a iniciativa privada vem se diferenciando em seus projetos em serviços de saneamento.
A evolução tecnológica das concessões privadas de saneamento acontece tanto por desenvolvimento tecnológico próprio, quanto por meio de parcerias com os meios acadêmicos e empresas estrangeiras. "O potencial da iniciativa privada em contribuir para a universalização dos serviços é enorme. Hoje, apenas 5% dos municípios brasileiros possuem algum tipo de prestação de serviços gerida ou operada pela iniciativa privada no saneamento", destaca.
Para que a iniciativa privada venha a ser mais efetiva na melhoria dos índices de cobertura de água e esgoto que a população tanto necessita, é preciso que o saneamento se torne uma prioridade nacional. Iniciativas como o Programa de Parcerias de Investimento (PPI) do Governo Federal sinalizam que o setor começa a ter a devida atenção também entre os dirigentes políticos. Não há mais espaço para ignorar o apelo da sociedade por um melhor saneamento.
De acordo com o presidente do SINDCON, em países como o Chile, Inglaterra e França, a participação da iniciativa privada no setor foi decisiva para que fossem atingidos bons índices de atendimento, redução de perdas de água, ampliação de sistemas de tratamento de esgoto, entre outros fatores importantes, com ganhos em saúde e bem-estar para a população.
"As empresas privadas estão investindo bastante nessa área, incluindo em soluções computacionais para gestão hidráulica de redes. As principais empresas privadas brasileiras do ramo já adotam as nossas soluções e já está tendo o retorno desse investimento, fato que nos dá muita satisfação. A Bentley também apoia as empresas públicas, oferecendo as nossas soluções com valores de investimento especiais", completa Douglas.

 

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Parcerias
As parcerias também somam nessa luta, a Aquamec, empresa especializada na área ambiental, anunciou uma importante parceria para o setor de saneamento. A empresa representará a Selwoode, e passa a ser responsável pelo centro de distribuição para toda a América Sul. A empresa britânica é líder mundial na fabricação de bombas para os setores de tratamento de água, saneamento, petróleo e construção.
As bombas passarão a ser montadas dentro da unidade fabril da Aquamec - localizada em Itu, interior paulista, em um terreno de 12 mil m² que a empresa possui para estoque de partes e peças, bem como equipamentos prontos para serem enviados a qualquer cidade da América do Sul, seja para venda ou locação.
Essa medida estratégica trará grandes vantagens logísticas, na centralização da distribuição de bombas em toda a América Latina e assistência técnica com a rápida manutenção e reposição de peças, acrescentando prontidão para uma linha de negócios que tem crescido nos últimos anos, no mercado habituado com a tradição e credibilidade de ambas as empresas.
Para os representantes da Aquamec e da Selwoode, a parceria trará ao mercado brasileiro um novo modelo de negócios, o de aluguel de bombas. A introdução desse serviço no mercado vai ajudar as empresas na realização de projetos e trabalhos, quando for um impeditivo a compra destes equipamentos.
"Nós acreditamos que este acordo irá trazer novas oportunidades de negócios para Selwood e Aquamec, especialmente no aluguel de bombas para o mercado interno e pronta entrega de produtos, onde a relação custo-benefício vai trazer economia e eficiência para a cadeia de abastecimento, uma vez que nossos produtos não dependerão de importação", destaca Marco Formicola, diretor executivo da Aquamec.

 

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Avanços, tecnologias e inovações no setor
Diversos investimentos, produtos e serviços são oferecidos para melhorar a questão do saneamento no Brasil. Douglas conta que existe uma grande dificuldade na qualidade dos dados de cadastro de redes. Na maioria das atividades relacionadas à Modelagem e Análise de Rede consiste em validar, revalidar e coletar informações de dados de rede, como cotas, materiais, estado de operação de válvulas e etc. Tem-se que, ao final de uma modelagem, um dos produtos finais é a rede devidamente cadastrada,
O banco cadastral, onde ficam guardadas todas as informações da rede é elemento bastante usado, e muitas operadoras brasileiras já estão investindo nessa área também, migrando o uso de desenhos CAD para plataformas GIS, como o Bentley Map. Outras informações essenciais para o desenvolvimento dessas atividades são as informações de coleta de campo, que visam aprofundar o conhecimento da operação da rede, para apoiar na calibração dos modelos.
"Destaco a adoção de tecnologias com foco no Plano Diretor em longo prazo para redes de abastecimento de água, e também para execução de planos emergenciais de sistemas atuais. O uso do modelo hidráulico desenvolvido com a solução WaterGEMS, traz como principal benefício, a facilidade de manipulação, leitura e extração de resultados ao engenheiro/técnico avalista", explica Douglas.
Ele explica que esse ponto é o que faz o WaterGEMS ter destaque nesse mercado, além do fato de ser uma solução de fácil uso e que não pede plataformas GIS/CAD sob ela. Estudo parecido foi feito pela AEGEA, na Região dos Lagos, que adotou o mesmo software para verificação do sistema, e resultou no aumento em 30% da sua capacidade com investimento em infraestrutura que traz o seu retorno em 300% em menos de 5 anos.
Esse ano a Bentley apresentou a ferramenta AssetWise Amulet. Trata-se de uma solução voltada para Gestão de Desempenho de Ativos de redes de saneamento. Ele trabalha com a função de reunir dados de engenharia, como o modelo hidráulico, dados cadastrais, dados de operação e tecnologia da informação, como dados SCADA, fotos, vídeos, logs de sistema.

 

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O produto tem o intuito de apresentar, por Dashboards, mapas, fluxogramas, gráficos e indicadores, a situação operacional do sistema em tempo real e fornecer resultados de Predições Analíticas, para o operador prever tarifas de energia elétrica e a produção de água. Ele abrange área como: Gestão dos Reservatórios; Estações de Bombeamento; Dados de Produção e Demanda de Água; Plantas de Tratamento.
Recentemente, a Aquamec lançou o sistema de monitoramento e automação para o uso do ácido peracético no tratamento de água e esgoto, municipal e industrial, amplamente utilizados na Europa e Estados Unidos. A utilização de cloro para desinfecção da água é muito comum no Brasil, mas estudos internacionais realizados pela AUSEPA - United States Environmental Protection Agency, investigam a relação entre a exposição aos subprodutos da desinfecção e o câncer desde 1974.
O alerta não vem só da International Agency for Researchon Cancer (IARC, 2009), como também da portaria do Ministério da Saúde (N.º36 de 19.01.90), que limita o teor de THMs em 100 microgramas/litro. O sistema é desenvolvido e licenciado pela Vodaflo e comercializado pela Aquamec. Através deles são realizadas análises online, cujos relatórios ficam armazenados em nuvem e podem ser acessados de qualquer lugar, pelo computador ou por um celular. Essa tecnologia reduz em até 70% a taxa de dosagem do produto, otimizando a purificação da água, e sem agredir o meio ambiente.

 

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Testes comparativos entre o uso do cloro ou do ácido peracético (PAA) para remoção de patógenos em esgoto tratado, demonstram que o segundo é mais eficiente. O PAA atinge desempenho equivalente ao cloro para remoção de enterococci e de coliformes fecais; porém o PAA tem grandes vantagens por não gerar nenhum tipo de subprodutos da desinfecção, e apresentar menor toxicidade à vida aquática.
"Atualmente no Brasil, o produto é adotado praticamente apenas em indústrias farmacêuticas, médicas e alimentícias; que exigem garantia plena na desinfecção de seus sistemas produtivos.", diz Nilton Mar Bartalini, coordenador técnico da Aquamec. Uma das vantagens atribuídas ao ácido é que ele não forma subprodutos de desinfecção em águas com matéria orgânica, como o cloro, já que atua primeiramente nos microrganismos propiciando maior potencial de inativação dos mesmos.
Em aplicações distintas, o sistema tem foco principal na ausência de geração de subprodutos da desinfecção ou THMs, apresentando resultados extremamente eficientes no controle de odor, gases tóxicos e corrosivos; como amônia e gás sulfídrico; seja em estações elevatórias de esgoto ou no tratamento preliminar de estações de tratamento de esgoto e ganhos com a redução da corrosão nas tubulações.
"O sistema viabiliza economicamente essa solução, pois garante que apenas a quantidade necessária do produto químico será dosada; isso graças ao monitoramento da vazão, análise de contaminantes e controle da dosagem em tempo real. Apesar do PAA ser um produto caro, estudos americanos comprova que seu uso chega a ser 10% mais econômico que a cloração, uma vez que é um produto mais eficiente", informa Sonia Ticianeli Mucciolo, supervisora de processos da Aquamec.

 

Contato das empresas:
Aquamec:
www.aquamecbrasil.com.br
Bentley: www.bentley.com.br
Sindcon: www.abconsindcon.com.br

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