A Solução Que Cai Do Céu

Sistemas de aproveitamento de água da chuva ajudam a evitar o desperdício de água potável


Segundo um relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de 40% da população do planeta sofre com a escassez de água, uma proporção que pode aumentar até dois terços em 2050. Neste cenário, os sistemas de aproveitamento de água de chuva se apresentam como uma solução relevante para combater o desperdício de água potável e para a preservação desse bem tão precioso. "O sistema de captação de água de chuva é uma alternativa interessante para quem busca economia bem como pensa em atuar de forma mais consciente ambientalmente", afirma Emílio Bellini Neto, engenheiro e diretor da Alphenz.
Por meio da implantação desta solução que literalmente vem do céu, é possível reduzir o consumo de água potável em até 50%. Isso é possível porque o sistema permite utilizar o recurso captado da chuva em locais onde a água potável é desperdiçada como irrigação de jardins, lavagem de pisos, vasos sanitários, entre outros. "A água da chuva poderá ser utilizada em tudo menos para beber, desde que utilizada a Estação de Tratamento de Água de Chuva", ressalta o ambientalista e diretor da Doutor Água, João Carlos Farias.
O funcionamento da Estação de Tratamento de Água da Chuva é bastante simples. A água da chuva captada pelo telhado é levada pelas calhas a um filtro grosseiro, que eliminará mecanicamente impurezas, como folhas ou pedaços de galhos. Na sequência, a água é enviada a um reservatório enterrado ou não dependendo das condições da construção, o excedente do reservatório é enviado às galerias de água pluvial através de um ladrão controlador de nível. "A água de chuva armazenada passará por etapas de tratamento posterior de acordo com a demanda de consumo. As etapas posteriores são filtração, cloração e armazenamento de água de chuva em reservatório elevado", explica o especialista em tratamento de águas e efluentes da Franco Ambiental, José Franco.
Para se aproveitar a água de chuva é preciso levar em consideração alguns fatores, e dispor de um projeto que contemple todas as fases compreendendo captação, tratamento, armazenamento e distribuição, visto que cada etapa do sistema é importante e deve ser dimensionada corretamente. "Inicialmente deve-se ter uma área de captação impermeabilizada, como um telhado, a qual será utilizada para captar a água precipitada da chuva, e neste ponto deve-se levar em consideração a área de captação e o índice pluviométrico da região principalmente", indica Emílio Bellini.
Ao redor da área de captação têm-se as calhas coletoras que servem para direcionar o fluxo de água para o tratamento. A composição do tratamento da água de chuva depende do uso para o qual será feita a água tratada, podendo necessitar apenas de um gradeamento, também chamado de filtro grosseiro, que tem o objetivo de reter folha, galhos e demais materiais grosseiros, e uma caixa de decantação para remoção de sólidos sedimentáveis como poeira e areia. "Neste caso, a utilização da água seria para fins menos nobres como irrigação de jardins e lavagens de piso e áreas comuns. Em caso de usos mais nobres, necessita-se da instalação de filtros de areia e de deferrização que tem como objetivo da remoção de sólidos em suspensão e de ferro da água", comenta o engenheiro e diretor da Alphenz. O armazenamento é feito em tanques próprios para a água tratada, que devem ser dimensionados considerando a disponibilidade de chuva e a demanda de água. "Os tanques podem ser enterrados, sobre o piso ou elevados como as torres em taça. Para cada tipo de tanque, deve-se estudar o melhor sistema de distribuição, se haverá ou não a necessidade de instalação de sistema pressurizado que tem o objetivo de disponibilizar pressão na linha de consumo de água tratada", diz Emílio Bellini.
Para garantir a qualidade da água é preciso alguns cuidados. "Como se trata de um sistema de filtração, é necessário realizar manutenções preventivas, tais como: retro lavagem do filtro, troca do elemento filtrante, reposição das pastilhas de cloro e acompanhamento da qualidade da água", explica Kleber Strufaldi, da GMar Ambiental. "É necessário disciplina, as calhas devem ser limpas para impedir contaminação através de fezes de ratos ou de animais mortos e mantidas em boas condições", complementa José Franco.
O interior da cisterna também deve ser limpa periodicamente. Além disso, é necessária atenção especial em relação ao tipo de cisterna escolhida. "Algumas cisternas de plástico podem deformar com o tempo, ou apresentar rachaduras. Procure uma com filtro anti-UV 8 ou construa uma de alvenaria", indica o especialista em tratamento de águas e efluentes da Franco Ambiental.

 

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Equipamentos do sistema de aproveitamento de água da chuva
Confira alguns itens presentes nas estações de aproveitamento de água da chuva.
Bacia coletora (telhado) - Com boa inclinação para evitar acúmulo de sujeiras e dar escoamento rápido da água de chuva para as calhas e coletores.
Calhas e coletores - São dimensionados de acordo com tamanho do telhado e tem a finalidade de direcionar a água da chuva para o reservatório (cisterna).
Filtro grosseiro - É usado para segurar folhas, galhos, partículas grosseiras que poderão causar entupimento da entrada do reservatório ou danificar a bomba centrífuga.
Bomba centrífuga - Serve para pressurizar, recalcar e filtrar a água da chuva contida na cisterna até reservatório elevado. Tem funcionamento automático, comandada pela chave boia do reservatório elevado, de acordo com a demanda de consumo ela liga e desliga sozinha.
Filtro desferrizador - Muito importante para retirar sais de ferro da água, evitando danos no sistema de reúso de água de chuva.
Sistema de desinfecção - Existem vários tipos: cloração, ozonização, ultravioleta entre outros, mas o objetivo maior desse sistema é eliminar as bactérias tipo coliformes fecais.



 

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Vantagens
Além de evitar o desperdício da água potável e ajudar a preservar o meio ambiente, os sistemas de aproveitamento de água da chuva trazem inúmeras vantagens e um dos benefícios mais atrativos é a economia financeira proporcionada pelo recurso. "O sistema evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos, etc. Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno do investimento é sempre positivo. Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso natural escasso em toda a cidade, e disponível em abundância em nosso telhado", afirma José Franco.
Outra vantagem do sistema de aproveitamento de água de chuva é a segurança no combate a enchentes. "O recurso ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que teria de ser drenada para galerias e rios", destaca o especialista em tratamento de águas e efluentes da Franco Ambiental. O recurso ainda valoriza o imóvel na qual está implantado. "O uso racional da água fortalece a imagem da instituição e agrega valor ao imóvel", ressalta João Carlos.

 

 

Economia
Em uma residência padrão, a água de chuva pode substituir a água tratada (e potável) da rede pública em diversas aplicações, tais como vasos sanitários, máquinas de lavar, irrigação de jardins, lavagens de carro, limpeza de pisos e piscinas, representando em média 50% do consumo físico, como indica tabela abaixo.

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Investimento
O sistema de aproveitamento de água de chuva pode ser implantado em qualquer lugar que se tenha demanda de água e disponibilidade de chuva, portanto qualquer tipo de empreendimento pode ter um sistema desses, como casas, prédios, indústrias, fazendas, etc. "Importante lembrar que alguns fatores devem ser levados em consideração na hora da implantação como: a área impermeabilizada para captação, ou seja, área de telhado; o índice pluviométrico da região, que é o quanto chove no local; para qual fim será utilizada a água tratada, a fim de se definir qual tratamento implementar; a demanda de água tratada, que juntamente com a disponibilidade de chuva, define-se a dimensão do sistema e o tamanho (volume) dos reservatórios; e por último a disposição do telhado e dos pontos de consumo de água, com o objetivo de se definir qual tipo de tanque e de sistema de distribuição implantar", explica Emílio Bellini.
Para o aproveitamento de água de chuva nos setores: comercial, industrial e escolar há necessidade de uma inspeção cuidadosa no local para uma avaliação precisa antes da implantação do uso dessa água para fins não potáveis, podendo responder uma redução no consumo de água potável em torno de 50%. "Poderemos implantar o sistema de aproveitamento de água de chuva tratada em todos os seguimentos, o mais importante é verificar a finalidade de seu uso e tomar a tratativas necessárias para deixá-la na qualidade específica para cada uso e também atendimento às leis vigentes para utilização", enfatiza José Franco.
O custo de implantação de um sistema de aproveitamento de água de chuva pode ser muito variável, pois depende de vários fatores e dos recursos que já estão implantados no local. Para se ter uma ideia, o sistema para uma residência pode custar de R$ 1.000,00 se o uso for menos nobre, e se a casa já tiver calhas coletoras no telhado, até em torno de R$ 20.000,00 se houver necessidade de instalação de calhas e reservatórios e a água for para fins mais nobres. "Da mesma forma, o retorno sobre o investimento pode variar, girando em torno de seis meses a até três anos. Em termos numéricos, com um sistema de aproveitamento de água de chuva bem dimensionado e bem instalado, a conta de água pode reduzir até 80%", observa o engenheiro da Alphenz. "Sobre retorno entendo que ambientalmente o retorno é imediato, financeiro vai depender do consumo, mas leva em torno de 1 a 3 anos. Já a economia hídrica gira em torno de 50%", complementa José Franco.

 

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Regulamentação e mercado
A norma brasileira que regulamenta sobre aproveitamento de água de chuva é a norma da ABNT, NBR 15.527 de 2007, e refere-se ao uso para fins não potáveis. Esta norma deve ser utilizada para quem pretende projetar um sistema de aproveitamento de água de chuva e aborda todos os fatores decisivos na escolha de um sistema adequado. "A NBR 15.527/07 dá uma boa base para a forma correta de instalação de equipamentos. O que se deve ter cuidado no estudo desta norma é a referência de cálculo de reserva que se levada em consideração somente a base de cálculo o volume de reserva ficará astronômico e inviabilizará a implantação, deve considerar a previsão de demanda da água da chuva num período de 10 a 15 dias sem chuva para dimensionar o volume de reserva adequado", afirma João Carlos.

 

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Apesar da NBR 15.527/07, ainda não existe uma regulamentação para implantação de um sistema em caso de fins potáveis, ou seja, aquela onde há a ingestão da água tratada. "De toda forma, qualquer pessoa interessada em adquirir um sistema de aproveitamento de água de chuva, deve procurar profissionais e empresas habilitadas e capacitadas para assessorar e oferecer a melhor solução para cada caso", ressalta Emílio Bellini.
Com a crise hídrica e a divulgação na mídia, as pessoas têm se tornado mais conscientes e mais interessadas na economia gerada pelos sistemas de aproveitamento de água de chuva, e consequentemente elevou-se a procura por esses sistemas. "Com o aumento da demanda, as empresas têm cada vez mais aperfeiçoado as tecnologias existentes e tornado o acesso a elas mais fácil, com sistemas cada vez mais eficientes e com ótimo custo-benefício", comenta Emílio Bellini. Apesar de não se prever em normas brasileiras o uso de água de chuva para fins potáveis, hoje já se discute o tema e é perfeitamente possível a aplicação. "Tecnologias de micro e ultrafiltração, além de aplicação de osmose reversa tem sido alvo de aplicação para aproveitamento de água de chuva, bem como a nanotecnologia", afirma o engenheiro e diretor da Alphenz.

 

Contato das empresas:
Alphenz:
www.alphenz.com.br
Doutor Água: www.doutoragua.com.br
Franco Ambiental: www.francoambiental.com.br
GMar Ambiental: www.gmarambiental.com

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