Como a logística reversa pode mudar a escassez da reciclagem no país
InPress Porter Novelli -
Especialistas analisam e propõem políticas públicas e boas práticas para alavancar os índices no atual contexto;
No Dia da Reciclagem, o Brasil constata novamente que trabalha com lentidão o tema em nível federal, apesar dos avanços dos últimos anos, em comparação a outros países quando se considera o volume de resíduos em circulação e a magnitude do país. Em 2023, o país reciclou apenas 8,3% dos resíduos sólidos urbanos gerados, o equivalente a cerca de 6,7 milhões de toneladas, segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2024, da Abrema (Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente).
O índice considera tanto a coleta seletiva realizada pelos municípios quanto o trabalho dos catadores informais, que são responsáveis por cerca de dois terços dos resíduos que chegam à indústria recicladora. Apenas um terço vem da coleta seletiva municipal, o que evidencia a importância dos catadores para o sistema de reciclagem brasileiro.
Na visão de Camila Vidal, Head de Marketing da eureciclo, o trabalho conjunto entre diferentes agentes da cadeia é essencial para fortalecer a logística reversa e a economia circular. Ela destaca que a colaboração entre marcas engajadas, catadores, recicladores e fabricantes permite criar soluções mais eficazes e acessíveis para todos, especialmente na recuperação de embalagens de menor valor. “Ao unir esses esforços, é possível desenvolver cadeias mais estruturantes e sustentáveis, a fim de oferecer alternativas viáveis para diferentes tipos de materiais recicláveis. Essa abordagem colaborativa amplia o impacto positivo da reciclagem e contribui para um sistema mais justo e eficiente”.
- Responsabilidade compartilhada: Fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores passam a dividir a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, incentivando a coleta e destinação correta dos resíduos.
- Incentivo à economia circular: Ao reinserir materiais reciclados na cadeia produtiva, reduz-se a extração de recursos naturais e o volume de resíduos enviados a aterros.
- Geração de empregos e renda: A cadeia da reciclagem e da logística reversa movimenta cooperativas de catadores, empresas de coleta, triagem e reciclagem, criando oportunidades econômicas.
- Redução de impactos ambientais: Com mais resíduos sendo reciclados, diminui-se a poluição do solo, da água e do ar, além de mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
- Educação e conscientização socioambiental: A implementação de sistemas de logística reversa estimula campanhas educativas e maior engajamento da sociedade na separação e destinação correta dos resíduos.Apesar dos avanços, ainda há desafios, como a falta de infraestrutura adequada, baixa adesão de empresas e consumidores, e necessidade de fiscalização mais rigorosa.