Equipes vencedoras da segunda e última fase do concurso Desafio Saneamento do Futuro – Rios Sem Plásticos

Cerimônia na ABDI agraciou melhores projetos nas categorias Social, Gestão Pública e Indústria


Em cerimônia realizada na tarde desta quarta-feira (03/07) na sede da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a ABDI e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) premiaram as três equipes vencedoras da segunda e última fase do concurso Desafio Saneamento do Futuro – Rios Sem Plásticos. Realizado em duas etapas (ANA e ABDI), o concurso selecionou, em três categorias, os projetos inovadores e que melhor incorporaram tecnologias digitais de forma a contribuir para a redução de plásticos nos lagos, rios e mares brasileiros.

Os representantes dos projetos Laboratório de Educação e Design Circular, vencedor da categoria Social; Hrios – Ecobarreiras Inteligentes, primeiro lugar na categoria Gestão Pública; e Ladrilhos Paisagens do Sertão, mais bem colocado na categoria Indústria, receberam das mãos do presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, dos diretores da Agência Carlos Geraldo e Perpétua Almeida e da presidente da ANA, Veronica Sánchez da Cruz Rios, um cheque simbólico no valor de R$ 330 mil, premiação concedida a cada um.

Por ocasião da entrega, Cappelli destacou a importância da premiação como incentivo ao debate sobre saneamento e sustentabilidade. “A gente já aprendeu aspectos não só dos projetos, mas também dos desafios, agora, para que eles possam ganhar escala, se desenvolver, fincar referência para inspirar outros a darem consequência aos projetos, auxiliando a redução de plásticos em nossos corpos hídricos e que novas iniciativas como essas aconteçam”, disse. “O saneamento no Brasil continua sendo um desafio gigantesco. É um desafio próprio de um país em desenvolvimento, que tem desafios estruturais”, completou.

A presidente da ANA, por sua vez, congratulou os vencedores jogando luz sobre a crescente escassez de água nos reservatórios do planeta. “Nós temos um aumento do uso da água para vários usos, como industrial, consumo humano e irrigação, e nós temos uma expectativa de redução da disponibilidade hídrica no futuro”, explicou, lembrando o aumento da temperatura global como fator de redução dos reservatórios hídricos. “Temos dois movimentos, um pela oferta e um pela demanda da água, que são conflitantes. Se a gente não cuidar da qualidade da água, a gente tem um desafio ainda maior”, concluiu.

Premiados

Os representantes das três soluções vencedoras manifestaram a importância do reconhecimento e da premiação recebida para impulsionar as iniciativas de cada um. A responsável pelo Projeto Cirandar, sediado em Olinda (PE), Juliana Rabelo, celebrou a oportunidade como forma de tracionar seu projeto e fazê-lo chegar, por meio da educação sobre meio ambiente na rede escolar, em outras comunidades. “Nossas oficinas são voltadas justamente para isso, fazendo com que a criançada tenha contato e entenda o que acontece com aquele resíduo que joga fora”, afirmou. “A ideia é trazer essa consciência ambiental para essa faixa etária de 13 a 17 anos e a gente ir mudando a cidade, a partir disso”.

Marcius Costa, do projeto Ecobarreiras Inteligentes, que na fase de escala atuará na despoluição da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, expressou confiança no auxílio da ABDI e da ANA para a continuidade de seu projeto. “Inovação é só quando elas têm objetivo e têm uma nota fiscal. Então, se eu não colocar dentro da água, se eu não capturar toneladas de resíduos, isso aqui foi só uma experiência e nada valeu. Foi só uma boa ideia”, alertou.

A expectativa de, com a premiação, também poder retirar um número crescente de resíduos plásticos das cidades e do meio ambiente anima o responsável pelo projeto Ladrilhos Paisagem do Sertão, André Gusi, atuante em Jaraguá do Sul (SC). “É muito gratificante ver iniciativas como esta e é muito bom também poder contar com ANA e a ABDI para incentivar essas ações. Esse incentivo vai dar uma escala para gente, para o nosso estúdio, e a gente vai conseguir aprimorar a planta de produção dele“, comemorou. “A gente estima que, graças a esse incentivo, a gente vai conseguir recuperar 255 toneladas de plásticos que são separados por catadores e também da indústria”, calculou.

“Os desafios são grandes. É muito difícil as pessoas entenderem esse lado da sustentabilidade, esse lado do projeto que vocês [ganhadores] realizam. Mas vocês têm um papel importante para a conscientização da sociedade”, disse o diretor de Desenvolvimento Produtivo e Tecnológico da ABDI, Carlos Geraldo, na cerimônia também prestigiada pela diretora de Economia Sustentável e Industrialização da Agência, Perpétua Almeida.

Planos de negócio e ganhos de escala

O Desafio Saneamento do Futuro: Rios Sem Plásticos é a primeira parceria da ABDI com a ANA em que as duas agências promovem um prêmio de inovação com base na nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021).

O concurso foi dividido em duas etapas. A primeira (Etapa ANA), lançada em 2023, recebeu 82 propostas e selecionou nove soluções inovadoras – três, em cada categoria – premiadas com R$ 110 mil, cada uma. No total, a ANA desembolsou R$ 990 mil. Nesta segunda fase (Etapa ABDI), a ABDI desembolsou o mesmo montante ao agraciar as três melhores soluções com R$ 330 mil, valor também concedido a cada uma.

Ao todo, o concurso concedeu R$ 1,98 milhão para as melhores soluções. Considerando a participação nos dois editais, as três melhores iniciativas para reduzir o plástico nas águas brasileiras alcançaram um prêmio de R$ 440 mil, montante que as auxiliará na execução de seus planos de negócio e em ganhos de escala no mercado.

Desafio Saneamento do Futuro – Rios Sem Plásticos: conheça os projetos vencedores

Laboratório de Educação e Design Circular | CIRANDAR – Vencedora da categoria Social, o CIRANDAR é uma solução inovadora da empresa CRIATURA LAB, localizada em Olinda (PE), para combate à poluição plástica nos corpos hídricos do Recife.

A empresa desenvolveu uma máquina de prensa fria e utiliza um forno industrial para processar o resíduo plástico coletado por cooperativas de catadores. Por meio de oficinas educativas, o material é transformado em objetos idealizados por alunos de escolas da rede pública e/ou universidades. Os itens desenvolvidos são utilizados pelos próprios alunos, como jogo de tabuleiro e gols de futebol.

O objetivo do Cirandar é formar um ecossistema em prol do fomento da economia circular de resíduos plásticos. Adicionalmente, o projeto desenvolveu uma linha de mobiliário urbano a partir do lixo da cidade, como banco público, lixeira e sinalização de ruas – em julho, serão instalados bancos públicos circulares no centro histórico de Recife (PE).

A primeira fase piloto do projeto constatou ser possível reciclar uma tonelada de plástico com a prática das oficinas em um mês. Para a fase de escala, o Cirandar pretende montar uma estrutura itinerante que passará por Fernando de Noronha e cidades do interior de Pernambuco a fim de pesquisar o nível de maturidade de reciclagem de resíduos plásticos e entender a possibilidade de instalação de novos laboratórios.

HRios – Ecobarreiras Inteligentes  selecionada como melhor solução da categoria Gestão Pública, a HRios Ecobarreiras Inteligentes desenvolveu uma estação ambiental com uma ecobarreira para ser instalada na intercessão entre rios e mares. A estrutura opera a partir de um ecossistema de energia solar autônomo e impede o escape de resíduos sólidos para os oceanos. Com um sistema analítico de vídeo e imagem capaz de qualificar os resíduos capturados, analisa, por georreferenciamento, o ponto da coleta e os tipos de plásticos capturados em determinada região.

A ecobarreira inteligente também tem filtros para recolher microplásticos e avalia o tipo de problema existente no curso hídrico que escapa para os oceanos. Cada estrutura tem capacidade de capturar 1,4 tonelada de resíduos por ciclo. Quando um filtro atinge a capacidade máxima, o sistema envia um recado para os agentes ambientais locais sinalizando a necessidade de troca. Todo o processo gera um relatório em tempo real.

Na fase-piloto, a ecobarreira operou na Marina da Glória, no Rio de Janeiro (RJ). Para a fase de escala, a solução será instalada na Baía de Guanabara, onde desembocam 17 rios que, juntos, transportam 90 toneladas de resíduos por dia. A meta da HRios é reduzir de 90% a 100% o escape de todos os resíduos de cada curso hídrico.

Ladrilhos Paisagem do Sertão  Mais bem avaliado na categoria Indústria e localizado em Jaraguá do Sul (SC), o projeto Ladrilhos Paisagens do Sertão é desenvolvido a partir do Byeplastic, um material inovador de impacto ambiental positivo que forma uma cadeia socialmente inclusiva. Promove a recuperação e o reaproveitamento de resíduos plásticos provenientes tanto da coleta seletiva como de excedentes industriais com aplicação do design circular e a transformação da matéria-prima em produtos de alto valor agregado, como revestimentos de parede e mobiliário destinados às áreas de arquitetura e construção civil.

O projeto conta com uma equipe de arquitetos e designers responsável por desenvolver produtos com alta qualidade, promovendo a sustentabilidade como diferencial de competitividade inovadora. Com vistas à escala industrial, é uma iniciativa transformadora que estrutura uma cadeia circular com rastreabilidade e transparência e integra o papel de cooperativas, recicladoras e indústria. Cada produto oferece um QR Code que remete a todas as informações da cadeia de produção.

Para a fase de escala, a iniciativa pretende aprimorar a planta de produção e os produtos para atender à crescente demanda. Também integra os objetivos do projeto o aprimoramento do sistema de rastreabilidade, com união da tecnologia do design com a tecnologia digital.


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