Inovação para a redução dos impactos ambientais gerados pela inadequada destinação final de resíduos

Com apoio da Fundepag, projeto envolvendo governo, empresas e instituições de pesquisa promove práticas sustentáveis na gestão de resíduos pós-consumo


O Centro de Ciência para o Desenvolvimento de Soluções para os Resíduos Pós-Consumo: Embalagens e Produtos (CCD Circula) está impulsionando a inovação para a redução dos impactos ambientais gerados pela inadequada destinação final desses resíduos. Iniciado em 2022, com vigência prevista até maio de 2027, o projeto interinstitucional é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e liderado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital/Apta/SAA), por meio do Centro de Tecnologia para Embalagem (Cetea), em colaboração com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).

A diretora geral do Ital e pesquisadora responsável pelo projeto, Eloísa Garcia explica que o CCD Circula adota o modelo Tríplice Hélice como base de suas operações, promovendo uma sinergia entre governo, instituições de pesquisa e empresas. Essa abordagem integrada permite uma transferência eficaz de conhecimento e resultados, fortalecendo o impacto das iniciativas em nível nacional e internacional.

“O resíduo pós-consumo é um problema que envolve diversos atores, desde as indústrias até os consumidores e as municipalidades. A operação em Tríplice Hélice é crucial, pois permite o compromisso conjunto dos elos na busca por soluções impactantes e efetivas”, destaca Eloísa.

Sob liderança de pesquisadores reconhecidos nacional e internacionalmente, os projetos vinculados ao CCD Circula precisam contemplar problemas reais, trazer resultados aplicáveis à sociedade e ser competitivos. Para isso, recebeu até o momento o investimento de R$ 17 milhões de fundos públicos e privados.

Plataformas de pesquisa

Para cumprir sua missão, o CCD Circula atua através de cinco plataformas de pesquisa. A primeira concentra-se na gestão de cadeias para a economia circular. Isso implica em desenvolver mecanismos de logística reversa e promover a inclusão de catadores, visando trazer resíduos de volta para a cadeia produtiva e reduzir o desperdício.

A segunda plataforma mitiga o impacto do resíduo orgânico no resíduo sólido urbano. “Dada a significativa parcela que os resíduos orgânicos representam no Brasil, é importante desenvolver estratégias para reduzir o desperdício de alimentos e implementar práticas mais eficientes de gestão”, explica a pesquisadora responsável pelo CCD.

Com foco em design e tecnologia, a terceira plataforma desenvolve soluções que gerem menos resíduos e novos materiais com especificações que possibilitem serem reintegrados na cadeia produtiva de forma eficiente.

A quarta plataforma, dedicada ao desenvolvimento de tecnologias de reciclagem e reuso, promove a melhoria da qualidade e valor do material reciclado, fazendo com que seja atrativo para a logística reversa e aumente a sua valorização na sociedade.

Por fim, a quinta plataforma foca na educação para a economia circular. Esse processo envolve a criação de programas educacionais e iniciativas de conscientização destinadas a consumidores, profissionais da indústria e alunos de escolas públicas e privadas, promovendo práticas de consumo consciente, menor desperdício e destinação adequada de resíduos.

“Ao promover a implementação de práticas mais sustentáveis na indústria e na sociedade em geral, esperamos uma redução significativa do desperdício, uma maior promoção da reciclagem e uma adoção mais ampla de práticas que visem a preservação do meio ambiente e o uso eficiente dos recursos naturais”, detalha Eloísa.

Gestão e sustentabilidade financeira

A Fundepag desempenha um papel fundamental na elaboração dos documentos contratuais e gestão financeira do CCD Circula, servindo como intermediário entre o setor privado e o Ital. “Em um cenário no qual o Ital não tem permissão para receber diretamente financiamento privado, a Fundepag gerencia esses recursos e garante a sua distribuição conforme as necessidades do Instituto. Essa parceria viabiliza a implementação do modelo Tríplice Hélice do CCD, que seria inviável sem a Fundação”, explica a líder do projeto.

Além disso, a Fundepag tem auxiliado na mobilização de parcerias para complementar o aporte financeiro privado. Por meio de sua rede de contatos, identifica possíveis parceiros interessados, ampliando a base de financiamento com vistas à sustentabilidade do CCD a longo prazo.

“A iniciativa representa um passo significativo em direção à resolução de problemas complexos relacionados à sustentabilidade, demonstrando o poder da colaboração entre diferentes setores para promover mudanças positivas na sociedade”, finaliza Eloísa Garcia.

Glaucia Bezerra <glauciabezerra@attualecomunicacao.com.br>

 

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