Valores de importações de produtos químicos somam recorde

E ultrapassam total adquirido em 2021, diz Abiquim. Nem mesmo recente desaceleração nas quantidades adquiridas deverá conter déficit inédito


Desde maio de 2022, os valores de importações de produtos químicos têm superado os US$ 7 bilhões mensais, estabelecendo um patamar de praticamente o dobro das aquisições mensais médias previamente à pandemia da covid-19 (as importações médias mensais, em 2019, foram de US$ 3,6 bilhões).

Em que pese uma desaceleração nas quantidades adquiridas nos últimos dois meses, as importações, até setembro, somaram recorde de US$ 62,5 bilhões (aumento de 47,4%), superando o total do ano de 2021. As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, têm permanecido estáveis, em níveis mensais bastante inferiores ao das importações, com vendas médias de US$ 1,5 bilhão, relativas às expedições de 1,3 milhão de toneladas aos países de destino das mercadorias nacionais. No acumulado do ano, até setembro, as vendas de produtos químicos para o estrangeiro totalizaram US$ 13,5 bilhões, valor 33% superior ao registrado entre janeiro e setembro de 2021.

Tais resultados acumulados produziram, entre janeiro e setembro, um déficit de US 49 bilhões, valor superior aos US$ 46,3 bilhões do ano passado, até então maior déficit anual da história do acompanhamento da balança comercial setorial. Para o consolidado deste ano, prevê-se um inédito e consternador déficit de US$ 65 bilhões.

As fortes altas dos preços médios dos produtos transacionados entre o Brasil e o mundo (aumentos de 43,3% nos importados e de 30,6% nas exportações, comparando o período acumulado entre janeiro e setembro de 2022 com igual mês do ano anterior), a manutenção da atividade econômica em patamares elevados em praticamente todas as cadeias que demandam químicos, além da sazonalidade do terceiro trimestre, historicamente mais forte para o setor, são fatores conjunturais que explicam, em grande parte, esses piores indicadores da balança comercial de químicos.

Para a diretora de Assuntos de Comércio Exterior e Administrativa da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Denise Mazzaro Naranjo, com base nas oportunidades de demanda interna e de exportações e nas vantagens comparativas do Brasil, a indústria química brasileira tem plenas condições de ser a mais sustentável do mundo e de alavancar a geração de valor para a sociedade e para a economia do país como um todo. — O adverso cenário dos últimos anos tem impedido que oportunidades geradas pelo crescimento da demanda se transformem em investimento e produção efetiva. Com foco na superação desse momento desafiador, a indústria química brasileira propõe um endereçamento adequado das questões de energia e matérias-primas competitivas, de estímulos à química sustentável, de carga tributária e, em especial, de uma inserção internacional equilibrada, alicerçando os pilares para o fortalecimento da competitividade industrial e o atingimento das missões setoriais em gás natural, bioprodutos, energias renováveis e saneamento — destaca Denise Naranjo.

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