Apesar dos altos índices de chuva ainda não foram percebidas mudanças significativas nos reservatórios

Os quais se encontram, uma grande parte, em estado de alerta


Como forma de conscientizar a população para a economia de água, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) prossegue com a aplicação da tarifa de contingência. A medida surgiu devido a persistência da escassez hídrica, com a seca que perdura desde 2012. Apesar dos altos índices de chuva, ainda não foram percebidas mudanças significativas nos reservatórios do estado, os quais se encontram, uma grande parte, em estado de alerta.

Apesar do aumento das chuvas durante a estação pré-chuvosa no Ceará, com um registro de mais da metade da média histórica somente nas primeiras semanas de janeiro, pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a realidade é de seca. Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), dos 155 reservatórios do estado, apenas 47 possuem volume de água armazenada acima dos 50%.

Entre os cinco maiores açudes – Castanhão, Orós, Banabuiú, Araras e Figueiredo –, apenas o Araras possui mais de 30% do seu volume, apresentando um índice de 63%. Até agora, em 2022, o único açude a sangrar foi o de Barragem do Batalhão. Essa situação vem acontecendo como resultado da seca prolongada que perdura por 9 anos consecutivos no estado.

Quase todo o estado encontra-se em situação de seca moderada, apenas o noroeste cearense conseguiu sair, recentemente, do eixo da seca, de acordo com o Monitor das Secas do Brasil. Para Bruno Rebouças, diretor de operações da Cogerh, “mesmo os últimos anos tendo trazido alguma melhora para esses reservatórios, eles ainda não conseguiram recuperar o nível que se encontravam antes do começo da crise”.

Ele prossegue, “com essas chuvas nesse momento, trazemos a esperança de, obviamente, termos bons aportes, mas para que isso se concretize é necessário que a chuva tenha persistência, para que nossos rios possam correr com um bom volume de água. Já passamos o pior momento dessa crise hídrica, mas ainda estamos longe dessa fase de conforto”, declara.

Tarifa de contingência

Como medida adotada pela Cagece em decorrência do estado de escassez hídrica, a tarifa de contingência foi implantada em 2015. Através dela, é previsto que os imóveis reduzam até 20% no consumo de água, a partir da média calculada previamente ao estado crítico da seca, entre 2014 e 2015. Ela é aplicada unicamente aos clientes da companhia que não reduzirem o consumo de água, conforme esta meta.

A fim de garantir segurança hídrica, a Cagece tem investido também na diversificação da matriz, com investimentos em diferentes áreas de pesquisa, mas especialmente com a construção da primeira usina de dessalinização do Brasil, na Praia do Futuro, em Fortaleza. A obra terá capacidade de produzir 1 m³/s, com capacidade de beneficiar 700 mil pessoas.

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