Cagece estuda a implementação de ETEs com um conceito de saneamento ecológico

Utilizando Soluções Baseadas na Natureza (SBN)


A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) está estudando a implementação de estações de tratamento de esgoto na companhia com um conceito de saneamento ecológico, utilizando Soluções Baseadas na Natureza (SBN). Os projetos possuem o objetivo de tratar os esgotos, mimetizando e acelerando processos naturais de autodepuração, de forma mais eficiente, sustentável e econômica. A proposta atende a todos os padrões ambientais, além de produzir efluente adequado para reúso e possibilitar aplicações diversas, agregando ainda a função de paisagismo ecológico.

De acordo com o superintendente de Sustentabilidade da companhia, Ronner Gondim, além do tratamento de efluentes, a tecnologia pode ser utilizada para proteção dos recursos hídricos utilizando cinturões verdes para retenção e tratamento de poluentes e também para evitar erosões nas margens de rios e reservatórios. As SBN também possuem a função de drenagem e amortecimento de cheias em áreas urbanas evitando alagamentos em grandes cidades. “Não se trata de um conceito novo no mundo, porém, no Brasil, sua aplicação ainda é incipiente, com poucas experiências no país. Porém, sua adoção é bastante comum em países europeus e na China. Para a disseminação do conceito, a SSU já realizou diversas apresentações com o intuito de induzir sua aplicação na companhia. A companhia já recebeu propostas de empresas interessadas para execução dos projetos, que deverão ser objeto de contratação nas próximas semanas”, afirma o superintendente de Sustentabilidade.

Jardins Filtrantes

Entre as diversas tecnologias dentro da abordagem SBN, foi escolhido para a Cagece o “Jardim Filtrante”, que consiste na construção de áreas verdes projetadas para tratar os esgotos. O Tratamento de esgoto pelos Jardins Filtrantes ocorre de forma natural pela passagem dos efluentes pela zona de raízes das plantas. Sua alta eficiência chega a atender oito dos dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Esta solução de tratamento apresenta ainda outro diferencial que é a baixa pegada de carbono e a remoção de nutrientes.

Ronner Gondim explica que uma característica muito importante das espécies de plantas a serem escolhidas é que tenham uma zona de raízes extensa, densa e ramificada para promover um maior contato com o fluxo de esgoto e para manter a porosidade do solo. O projeto previsto para a companhia contará com o apoio da Gerência de Serviços Administrativos (Gesam). Ele será voltado para o tratamento e reúso de esgoto da sede da companhia utilizando as áreas de jardins existentes, que serão adaptadas para receber os esgotos dos banheiros, refeitórios e outras fontes de águas residuárias, efetuando seu tratamento sem odor e com alta eficiência.

As unidades serão implantadas aproveitando a topografia do terreno, evitando assim o uso de elevatórias entre as fases de tratamento. Ao final, o efluente tratado será utilizado para fins diversos como a irrigação de áreas verdes remanescentes e para abastecimento de carros-jato da companhia. Vantagens ecológicas Ronner acrescenta que entre as demais características positivas de um jardim filtrante destaca-se o fato de ele não produzir odor, mineralizar o lodo, o que evitaria a necessidade de sua remoção, e dispensar a construção de caixas de areia, que são pontos onde normalmente há exalação de odores. O superintendente ressalta ainda que o sistema é resiliente, quase não consome energia elétrica, e possui baixo custo de implantação, operação e manutenção, exigindo operações simples de jardinagem. Além disso, esta Solução Baseada na Natureza consiste em um tratamento terciário por conseguir remover nitrogênio e fósforo, sendo, portanto, uma solução sustentável de alto desempenho.

Inicialmente, está prevista a contratação de quatro projetos que incluem a sede da companhia, a transformação de decanto-digestores e filtros anaeróbios em Juazeiro do Norte e Cedro, além de um tratamento complementar da ETE de Granjeiro. “Esses projetos possuem o objetivo de validação e disseminação do conceito SBN na companhia. A expectativa é que as soluções sejam bem aceitas pela empresa pelas inúmeras vantagens identificadas. Por isso já iniciamos uma segunda fase de disseminação com volume maior de recursos para diversos sistemas de esgotamento sanitário operados pelas unidades de negócio do interior do Estado”, conclui o superintendente.

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