Busca pela universalização do saneamento vai ajudar na recuperação da economia

Previsão é de investimento em diversos setores como construção civil e setor de máquinas


A universalização de água e esgoto no País, meta do marco do saneamento, tem capacidade de movimentar indiretamente R$ 1,4 trilhão na economia, apontou estudo da Abcon, associação das operadoras privadas de saneamento. De acordo com o estudo, divulgado com exclusividade ao Estadão/Broadcast, os aportes devem dar sustentação principalmente ao segmento de construção civil. A estimativa é que 14 milhões de empregos sejam criados na economia para se cumprir a meta até 2033.

As projeções são um aprofundamento de um estudo feito pela KPMG, que aponta investimentos de cerca de R$ 498 bilhões para a expansão da rede no País. O estudo da Abcon desconsidera outros R$ 255 bilhões referentes à recuperação da depreciação das redes existentes, por se tratar de um segmento mais difícil de se estimar o efeito em cadeia do recurso aportado.

Aportes ajudarão na retomada, diz entidade

Percy Soares Neto, Diretor Executivo da Abcon, disse que os investimentos vão ser fundamentais para ajudar a economia a crescer depois da crise da covid-19. “São aportes em diversas áreas, na compra de maquinários e na construção da infraestrutura das redes”, disse.

Soares destacou que o levantamento é uma forma de reforçar que o setor pode trazer um efeito positivo muito além dos ganhos na saúde, que por si só já justificariam os investimentos. “Tivemos o sucesso do leilão de Maceió (AL) na semana passada. Uma outorga de R$ 2 bilhões e mais de R$ 2 bilhões em investimentos. O mercado já está se movimentando”, disse. Sete grupos participaram do certame.

Maior parte dos recursos irá à construção civil

O levantamento da Abcon aponta ainda uma janela importante para a construção civil, que deve captar 76,6% dos R$ 498 bilhões em investimentos projetados até 2033. Máquinas e equipamentos devem abocanhar outros 4,6% do montante.

O estudo também traz um recorte das modelagens de PPPs e concessões que estão sendo realizadas pelo BNDES, inclusive a de Alagoas, cujo leilão aconteceu no último dia 30, e aponta que o impacto dessas operações deve chegar a R$ 165 bilhões e geração de 1,7 milhão de empregos. Os dados serão apresentados nesta sexta-feira, às 10h, em evento realizado com a CNI, CBIC e Abimaq/Sindmaq, sobre saneamento e a retomada da economia.

A superintendente técnica da ABCON, Ilana Ferreira, coordenadora do estudo, destacou que um dos pontos mais importantes dos investimentos é que eles vão garantir emprego nos municípios mais carentes, que são exatamente os que precisam de mais saneamento. “A construção civil tem espaço de geração de emprego intenso e é local. O que vimos na nossa análise é que os investimentos vão ser pulverizados na economia. Pessoas locais vão ser contratadas”.

Insegurança jurídica faz custos aumentarem

Soares foi questionado na entrevista sobre a insegurança jurídica dos projetos diante da briga de liminares contrárias ao leilão de Maceió, além das tentativas de encampação da Linha Amarela (Avenida Carlos Lacerda), controlada pela Invepar, no Rio de Janeiro. “Esses movimentos não são favoráveis e com certeza estão precificados. Mas o que temos como salvaguarda no setor de saneamento é uma demanda inelástica por serviço e o papel da Ana (Agência Nacional de Águas) na estruturação das diretrizes. Com a Ana bem estruturada e em conjunto com os outros agentes, esse tipo de atividade impeditiva não deve encontrar espaço para acontecer”, disse.

O setor está aquecido e neste mês dois novos projetos devem ganhar mercado: as parcerias público-privadas da Sanesul (MS) e da Cesan (ES). Os leilões já deviam ter ocorrido, mas foram postergados após os interessados apresentarem pedido para que se ampliasse o prazo de apresentação das propostas.

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