Desafios e Soluções na Gestão de Efluentes Industriais

São denominados efluentes todos os produtos, sejam líquidos ou gasosos, gerados por ações humanas e liberados na natureza. Quando são lançados no meio ambiente sem tratamento causam inúmeros problemas e danos ambientais.


Desafios e Soluções na  Gestão de Efluentes Industriais

São denominados efluentes todos os produtos, sejam líquidos ou gasosos, gerados por ações humanas e liberados na natureza. Quando são lançados no meio ambiente sem tratamento causam inúmeros problemas e danos ambientais. De maneira geral, esses efluentes são classificados em dois tipos: industriais e domésticos.
Os efluentes industriais são líquidos descartados proveniente de emanações de processo industrial, água de refrigeração poluída, água pluvial poluída e esgoto doméstico. Lembrando que, os diversos ramos industriais geram efluentes com volumes, composições físicas, químicas e biológicas diferentes. Essas características variam de acordo com a operação exercida e como os materiais e substâncias são utilizados ou gerados em suas atividades.
Atualmente, as chaminés de indústrias são as principais emissoras de efluentes em forma de gás. Já os efluentes líquidos podem ser originados de diversas maneiras, uma vez que água pode ser contaminada por compostos químicos e tóxicos, por exemplo.
O resultado desta diversidade é a grande quantidade de efluentes lançados na natureza, com diferentes níveis de periculosidade e poder de poluição. Aliado aos efluentes domésticos, a maior parte desses resíduos não recebe nenhum tipo de tratamento, o que irá ocasionar alterações nos corpos receptores, contaminando o solo e a água, além de oferecer o risco para plantas, animais e aos humanos.
Nesse sentido, os efluentes derivados das atividades industriais e até as próprias ações cotidianas da população devem ser tratados antes de serem lançados no meio ambiente. Trata-se de uma ação imprescindível para se alcançar o desenvolvimento sustentável e preservar os recursos naturais.

Principais desafios 
Realizar o controle dos efluentes industriais não é uma tarefa simples e, considerando todas as suas variações, é necessário que eles sejam caracterizados, quantificados e tratados de maneira adequada. Tudo isso é fundamental para remover o máximo da sua carga poluidora antes de serem lançados em seu destino final.
Quando o tratamento não é realizado, o volume de efluentes descartados nos corpos de água e no solo se torna altamente nocivo à composição química da água e ao lençol freático, que aos poucos vão sendo contaminados.
As consequências de um ambiente poluído são a transmissão de doenças aos humanos, redução do oxigênio debaixo da água ocasionando a morte de peixes e outros organismos aquáticos, a inutilização da água para banho ou atividades recreativas, dentre outras.
Nesse sentido, as políticas ambientais e de saneamento básico e os processos de coleta e tratamento de efluentes foram desenvolvidos para proteger a natureza e garantir o direito humano aos serviços básicos como higiene e saúde por meio do acesso à água tratada.
A legislação brasileira define que as indústrias são responsáveis pelo tratamento da água e de seus efluentes. Também são caracterizados por lei os padrões de qualidade dos corpos de água que receberão cada tipo de efluente tratado.
O não cumprimento das leis e decretos de defesa do meio ambiente gera multa e as empresas são penalizadas pelos órgãos ambientais que fiscalizam o tratamento e descarte irregular dos efluentes ou outros casos de descumprimento da lei.
Infelizmente as dificuldades não param por aí. Hoje, o principal desafio, quando falamos de gestão de efluentes, é acesso ao saneamento básico. Isso porque, em muitos casos, o esgoto gerado pela população brasileira não recebe qualquer tratamento e vão direto para rios, reservatórios de água, mananciais e lagos do país. Esse cenário influencia diretamente na saúde pública da população.
Por outro lado, vale destacar que já há iniciativas no Brasil e no exterior para buscar novas soluções no tratamento de efluentes. A tecnologia se tornou uma poderosa aliada para desenvolver técnicas mais eficientes e sustentáveis. A filtração mecânica para sólidos suspensos e ultrafiltração pressurizada para macromoléculas e bactéria são dois exemplos recentes.
Além disso, temos as ETEs compactas. São como Estações de Tratamento de Efluentes convencional, mas que apresentam uma dimensão menor e conseguem atender baixas vazões. São usadas em indústrias e condomínios, possuem um baixo custo de operação, menor consumo de energia elétrica e alta eficiência.
Vale destacar também que tratamento de alguns efluentes industriais permite a sua reutilização em outras atividades produtivas, irrigação de jardins e lavagem de pátios. Esse recurso torna-se uma fonte alternativa que beneficia ao meio ambiente e gera diminuição de gastos para a empresa.

A tecnologia como aliada e principais tratamentos
As regulamentações ambientais estão se tornando mais rigorosas em relação ao uso da água e ao tratamento de efluentes. Se por um lado as empresas se sentem pressionadas cumprir essas regulamentações, por outro, isso pode ser complexo e custoso. Nesse sentido, as soluções tecnológicas ajudam as empresas a atenderem às demandas regulatórias, melhoram a eficiência operacional e reduzem os custos. 
Para que os efluentes retornem ao meio ambiente sem contaminar a natureza, eles devem passar por um rigoroso processo de limpeza. De maneira geral, o processo de tratamento consiste na ação de lidar com os efluentes gerados. Esta ação é classificada em física, química ou biológica, de acordo com a origem dos poluentes envolvidos e/ou as operações necessárias.
Esse processo varia de acordo com o agente poluente e da quantidade dos contaminantes. Lembrando que tratamento dos efluentes industriais é necessário quando há água residual no processo. Ou seja, os líquidos não foram incorporados aos produtos ou não se perderam por evaporação.
O tipo de tratamento para cada tipo de efluente deverá ser indicado por um técnico especializado após a realização de coleta de amostras do material para seu diagnóstico. Isso será indicado a partir de sua carga orgânica, presença de contaminantes, carga tóxica dos materiais, presença de sólidos e componentes químicos na composição.
Processos físicos: Envolvem a separação de sólidos presentes no efluente. Nesse caso são indicados os efluentes que possuem materiais sujeitos à sedimentação, flutuação ou suspensão, como por exemplo, a água misturada ao óleo. 
No processo, os contaminantes serão removidos por métodos como filtração, decantação, peneiração ou extração por caixas separadoras. Há também procedimentos específicos como aplicação de radiação e luz ultravioleta para a destruição das partículas contaminantes.
Processos químicos: São aqueles que utilizam técnicas que alterarão de alguma forma a composição molecular do efluente. Eles separam o composto contaminante da água com o uso de produtos que atuam como agentes de coagulação, floculação, normalização do PH e desinfeção.
Os principais processos químicos mais comuns são: clarificação, eletrocoagulação, precipitação, cloração, oxidação, redução e troca iônica. Vale mencionar que existem diversos outros métodos, porém são menos comuns e aplicados à efluentes com algum tipo de contaminação muito específica.
Processos biológicos: Os processos biológicos realizam a remoção de matéria orgânica dissolvida, flutuante ou em suspensão no líquido a ser tratado. O tratamento deverá retirar o potencial contaminante do efluente, ou seja, matéria orgânica e carga bacteriana que possa afetar os corpos d’água. Nesse caso, transforma-se a matéria indesejada em material flutuante, sedimentado ou em gases.
Os principais processos biológicos de tratamento de efluentes são: processos aeróbios, como lodos ativados em geral; processos facultativos, como o uso de biofilmes; processos anaeróbios, como lagoas anaeróbias e biodigestores, nos quais a decomposição da matéria orgânica ocorre sem a presença de oxigênio.
Uma vez que o processo correto foi identificado e colocado em prática, o efluente pode ser conduzido ao corpo d’água mais apropriado para seu descarte. Vale ressaltar que, em função do risco ambiental, o tratamento de efluentes industriais é um processo delicado e muito diferente daquele apresentado pelos resíduos sólidos, já que estes são mais fáceis de serem separados e acondicionados na destinação correta.
Assim, a melhor maneira de se evitar problemas neste meio é monitorar as licenças ambientais e sempre coletar o certificado de destinação, pois ele servirá como documento comprobatório da isenção de responsabilidade da empresa geradora para com o material em questão.
As tecnologias de tratamento de efluentes, como processos biológicos avançados e sistemas de membranas, permitem que as empresas atendam às regulamentações ambientais mais rigorosas, garantindo que os efluentes liberados estejam em conformidade com os padrões.
É importante mencionar que a CETESB (agência do estado de São Paulo) usa o certificado CADRI para monitorar o tratamento de resíduos perigosos (CLASSE I) e não perigosos não inertes (CLASSE II) dentro do estado de São Paulo.
Assim, todas as empresas que realizam a destinação de efluentes industriais precisam verificar se a quantidade enviada ao tratador é permitida pelo CADRI. Logo, o estado pode controlar tanto as licenças dos prestadores de serviço, quanto a quantidade de resíduos tratados por eles.
A legislação sobre efluentes industriais também é mais rígida e exige das empresas atenção especial, principalmente quanto ao monitoramento das práticas desses prestadores, pois em caso de acidentes, poderá haver responsabilização solidária da companhia geradora do resíduo. 
 

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