Soluções para eliminação da dureza na água

A água recebe classificações, uma delas é a premissa de água dura, ou seja, está relacionada a elevada concentração de sais específicos, principalmente Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg)


Soluções para eliminação da dureza na água

A água recebe classificações, uma delas é a premissa de água dura, ou seja, está relacionada a elevada concentração de sais específicos, principalmente Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg). Essa classificação, no entanto, não modifica em nada as propriedades físicas da água como, por exemplo, a sua viscosidade ou a sua compressibilidade, mas a torna inviável para alguns processos.
Quanto maior a quantidade de ppm mais dura será considerada a água. Quando apresentar teores desses cátions acima de 150 mg/L, então a água é dura; se estiver abaixo de 75mg/L, a água é mole; e se for entre 75 e 150 mg/L, a água é moderada
Segundo o Eng. Henrique Martins Neto, da EQMA Engenharia & Consultoria, a principal fonte de dureza em águas é natural e está associada diretamente com as características geológicas do solo, em geral locais com maior predominância de rocha calcaria colaboram para a formação de água subterrâneas com elevado teor de Cálcio e Magnésio, devido a solubilização da rocha pelo gás carbônico.
Nesse sentido, é muito mais comum encontrar água de poços artesianos com elevado teor de dureza do que em águas superficiais como rios, ribeirões e represas. Neto destaca que no Brasil, nas regiões nordeste e sudeste as águas subterrâneas tendem a ser duras, não sendo raro superem 500mg CaCO3/L. Já nos países vizinhos como Argentina e Chile são mais comuns águas com até 1000mg CaCO3/L.
No uso doméstico, a água dura dificulta a ação de sabões, não promovendo a formação de espuma, causando uma difícil remoção de sujeira e gordura. Além disso, pode provocar entupimento de diversos equipamentos como chuveiros, duchas quentes, máquinas de lava-louça e até mesmo máquinas de lavar-roupa. 
“O sabão é considerado tensoativo aniônico, porque ele dissolve-se na água produzindo ânions e cátions. Seus ânions são os responsáveis por diminuir a tensão superficial da água e permitir a limpeza. No entanto, os cátions de cálcio, magnésio e ferro II não são solúveis em água e reagem com os ânions do sabão formando compostos insolúveis” – explica Luciane Prado Rocha Lopes, diretora administrativa e projetos da Fusati.
Outro efeito notório da água dura é o sabor que ela tem, quanto maior a dureza mais intenso é o sabor, uma das razões pela qual a Portaria Nº 888/2021 do Ministério da Saúde, limita a concentração de dureza total em 300mg CaCO3/L em água potável.
No uso industrial, por sua vez, a dureza da água pode promover problemas graves de entupimentos em tubulações, trocadores de calor, boilers e caldeiras. Em geral, em aplicações de água de caldeira de baixa pressão, é desejável que a dureza total da água seja o mais próximo possível de zero.
“A água dura não pode ser usada na indústria, pois pode haver o risco de acidentes, como a explosão de caldeiras. Também não é boa para cozinhar vegetais, pois eles endurecem em vez de ficarem mais moles” – enfatiza Luciane Prado Rocha Lopes. 

Tipos de tratamento
Atualmente há diversas técnicas para corrigir a dureza da água, entre elas: Abrantamento, Separação por Membranas e Condicionadores químicos. 
O abrandamento é considerado a técnica mais comum. Trata-se de vasos de pressão geralmente construídos em aço carbono revestido ou fibra de vidro, em seu interior é inserido as resinas catiônicas responsáveis pela remoção da dureza. Podem ser utilizados em vários tipos de indústrias, em caldeiras, geradores de vapor, circuitos de refrigeração e outras finalidades.

Soluções para eliminação da dureza na água

“O principal uso da água abrandada é para geração de vapor nas caldeiras de baixa pressão de até 20 Kg/cm2, onde se recomenda utilizar a água de alimentação com teores de dureza menores do que 5 mg/l. No processo de abrandamento de água não há uma redução do teor de eletrólito presente na água, o que existe é a substituição de cátions com características incrustantes por outros de características não incrustantes” – afirma a diretora da Fusati.  
No abrantador, o processo pode ser feito de duas maneiras, tanto com precipitação química, quanto por troca iônica. No primeiro caso, segundo Neto, o método consiste basicamente no uso de solução de soda cáustica e barrilha, para a formação de sais de carbonato de cálcio e magnésio, que são mais insolúveis que os bicarbonatos. O nível do pH da água será elevado, fornecendo a alcalinidade necessária.

Soluções para eliminação da dureza na água

O processo pode ocorrer em um reator de mistura seguido de um decantador, onde a dureza é removida através da purga do lodo, ou em um reator operado em regime de bateladas, onde se faz a adição dos agentes químicos, mistura e posterior sedimentação para clarificação da água. 
“É importante destacar que nesse caso, haverá significativo residual de dureza total e alta geração de lodo” – destaca o engenheiro. A precipitação química é indicada quando a dureza da água é excessivamente elevada e não se encontra nenhuma outra fonte de água de melhor qualidade.  
Já o processo por troca iônica faz com que a água atravesse um leito de resina catiônica que irá trocar os íons de cálcio e magnésio presentes na água por íons de sódio (Na). As resinas possuem limites para a troca iônica, ficando saturadas de Ca2+ e Mg2+. Esta saturação recebe o nome de ciclo. Após, deve ser feita a regeneração da resina, que acontece com a adição de solução de cloreto de sódio (NaCl).

Soluções para eliminação da dureza na água

Quando a água dura passa através dos poros da resina, os íons de cálcio e magnésio, que possuem uma carga positiva maior que os íons de sódio, são atraídos pela estrutura negativa da resina enquanto o sódio é liberado na água. 
Esse item é solúvel e, portanto, não causa as incrustações causadas pelo cálcio e o magnésio. Neste tipo de processo pode haver uma provável inviabilidade econômica em águas extremamente duras e aumento de sódio na água abrandada.
A técnica de separação por membranas pode ser realizada por sistema de osmose reversa (OR) e nanofiltração (NF). Estes são capazes de remover a dureza da água devido a maior dificuldade desses cátions (bivalentes) em se difundir através das membranas, ou simplesmente pode-se dizer que os poros das membranas são menores que os diâmetros atómicos desses metais. 

Soluções para eliminação da dureza na água

Nesse caso, haverá sempre uma linha de água tratada denominada permeado, com menor concentração de dureza e outra linha com elevada concentração, conhecida por rejeito. A relação entre produção de permeado e rejeito típica é de 75/25% respectivamente, podendo variar de 50/50% a 80/20%, em função da qualidade da água bruta, tratada e projeto do sistema.
Os Condicionadores Químicos fazem o uso de ortopolisfofato de sódio. Não removem a dureza em si, mas sim promovem a complexação dos metais, evitando que os mesmos precipitem em caso de aquecimento da água. São restritos a aplicações não críticas e para efetuar a dosagem precisa-se avaliar outros íons como Ferro e Manganês para se ter o efeito esperado. 
A escolha do processo parte de dois pontos: a qualidade da água a ser tratada e o uso final da água tratada. Luciana destaca que melhor processo é sempre escolhido a partir da necessidade de cada cliente, após analisar os parâmetros encontrados na análise físico e/ou química da água. 

Soluções para eliminação da dureza na água

“Para se definir a rota de tratamento ou tecnologia utilizada é preciso, primeiramente, saber a qualidade da água bruta e a qualidade desejada para a água tratada, seguido das condições de uso e particularidades de espaço físico e local de instalação dos equipamentos” – complementa Neto.
Ainda segundo ele, avaliando nos sistemas, apenas a condição de maior capacidade e eficiência na redução de dureza de água, de menos para mais, a ordem seria: Precipitação química < Processo de separação por membrana < Troca iônica. Mas pensando em mercado, atualmente o segmento é liderado pelo uso de resinas de troca iônica, seguido dos condicionadores químicos. 
“Sistemas de OR e NF são empregados com maior frequência nos últimos anos, porém em geral com foco na dessalinização, algo que inclui a redução de dureza total. Já o processo de precipitação química é raramente visto, embora essa prática possa ser provocada nas saídas das estações de tratamento de água com o único objetivo de promover a proteção contra a corrosão de tubulações de aço mais antigas” – finaliza o engenheiro. 


Contato das empresas
EQMA Engenharia & Consultoria: 
www.eqma.com.br
Fusati: www.fusati.com.br

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