Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Nos últimos anos, um movimento sustentável está ganhando força nas indústrias, no comércio, no setor de serviços, e em diversas outras áreas. No saneamento também já há várias iniciativas visando a sustentabilidade nos processos


Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Nos últimos anos, um movimento sustentável está ganhando força nas indústrias, no comércio, no setor de serviços, e em diversas outras áreas. No saneamento também já há várias iniciativas visando a sustentabilidade nos processos. Atualmente, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Sustentáveis são consideradas o novo paradigma no mercado. 
Segundo André Luis Rinoldi, engenheiro ambiental da Eisenia – Tecnologia e Meio Ambiente, para ser uma ETE sustentável é necessário se enquadrar em 3 pilares principais: econômico, social e ambiental, ou seja, ser economicamente viável, melhorar a qualidade de vida da população e ser amigável com o meio ambiente. 
“Pode ser chamada de sustentável uma estação de tratamento que reduza a área ocupada, a produção de resíduos e de lodo, reduza o consumo de energia elétrica e de produtos químicos e minimize os efeitos de ruído, odor e impactos visuais, arquitetônicos e paisagísticos” – completa Rubens Francisco Junior, presidente da Memphis Empreendimentos.

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

As estações sustentáveis podem trazer inúmeros benefícios, Rinoldi destaca entre elas a simplicidade operacional e de manutenção, reduzindo os custos em até 80% quando comparados a sistemas convencionais; baixo consumo de energia elétrica. Além disso, gera economia de água a partir da obtenção de água de reúso, pode utilizar mão de obra local para construção, operação e manutenção das ETEs, e não utiliza produtos químicos, o que não gera gases de efeito estufa nem odores desagradáveis.   
Ele afirma também que esses sistemas possibilitam ainda a redução da geração de lodos contaminados que necessitam passar por processos onerosos de desidratação e disposição em aterros certificados. “No caso de algumas tecnologias como a que utiliza minhocas para o tratamento, além de nenhum tipo de lodo ser gerado, as minhocas produzem húmus que pode ser utilizado para revitalização de solos” – explica.  
No seu funcionamento, os esgotos gerados passam por processos físicos para reter objetos grosseiros e processos biológicos, naturais, para degradação da matéria orgânica contaminante presente nos esgotos. De acordo com Rinoldi, nesses sistemas que empregam minhocas no tratamento, a fração sólida presente nos esgotos são transformadas em biofertilizante (húmus), e a fração líquida (água tratada) pode ser reutilizada para fins não nobres.

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Podemos dizer então que, uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Sustentável é aquela que interage com o meio ambiente e busca minimizar o consumo de recursos naturais e energia pelo uso benéfico de seus subprodutos. “Os principais diferenciais das ETEs sustentáveis são sua efetiva contribuição e relevância para o desenvolvimento sustentável, sendo totalmente aderentes aos princípios do ESG (Environmental, Social and Governance) e considerando o tripé da sustentabilidade” – afirma Paula Márcia Sapia Furukawa, superintendente de gestão ambiental da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP.  

Seu papel no mercado de saneamento
Rinoldi explica que um dos maiores problemas em relação à falta de saneamento no país é a complexidade da gestão das problemáticas que envolvem sistemas convencionais de tratamento de esgotos. Altos custos e mão de obra especializada inviabilizam, principalmente regiões mais pobres, de obterem um tratamento adequado de seus esgotos, poluindo os rios da região e trazendo inúmeras doenças para a população.  “As ETEs sustentáveis deverão atender essas regiões, onde atualmente sistemas convencionais são tecnicamente e economicamente inviáveis” – afirma. 

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Por estar diretamente relacionado ao mais importante recurso natural do planeta, a água, a ideia de sustentabilidade no saneamento é uma tendência. Além disso, de acordo com Junior, à medida que o mercado evolui e que as cidades se desenvolvem, cada vez mais é necessária a utilização das estações de tratamento sustentáveis. Sem falar que elas se tornam uma alternativa real porque a população está cada vez mais instruída, informada e exigente.

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

“As ETEs sustentáveis, além da economia de recursos naturais e a otimização dos processos de tratamento, podem impulsionar o mercado na linha de desenvolver tecnologias e equipamentos para o setor, voltados à sustentabilidade na operação, tornando, ainda, mais acessíveis e viáveis tecnologias já existentes. Representam também uma mudança de paradigmas e de cultura, interna e externa, seja na forma de conceber, construir e operar essas estações, incluindo novos produtos e mercados” – complementa Paula.
Para ela, a sustentabilidade está no core das atividades de saneamento, uma vez que possui a vocação natural de promover a saúde pública, qualidade de vida, desenvolvimento socioeconômico e melhoria das condições ambientais. Quando se trata de perspectivas futuras, se destaca o imenso desafio da universalização dos serviços de saneamento, mas também oportunidades de ampliação dos serviços para novos mercados, baseados nos conceitos da economia regenerativa, onde o aproveitamento e utilização dos diversos subprodutos dos serviços de saneamento, tendem a ser cada vez mais um diferencial competitivo.
“Atualmente o pensar em sustentabilidade é uma condição essencial para a manutenção dos negócios em meio a um tempo de grandes e rápidas transformações. A Sabesp, com a implementação do Programa de ETEs Sustentáveis traz um exemplo prático de que é possível aplicar os princípios da economia regenerativa na operação, potencializando os benefícios ambientais e sociais do saneamento” – afirma Paula. 
Para Rinoldi, as perspectivas futuras são de que cada vez mais as iniciativas públicas e privadas procurem por soluções mais ecológicas, simples e de menor investimento financeiro para se manter.  

Estação de tratamento de esgoto sustentável: O novo paradigma do saneamento

Programa de certificação Sabesp 
A Sabesp mantém um Programa Corporativo de ETEs Sustentáveis com sistema de certificação próprio, organizado em três níveis de evolução. Para ser certificada no Nível 1, a ETE deverá ter equacionado e implantado soluções sustentáveis para a destinação do lodo, do efluente e dos gases gerados pelo tratamento. 
O Nível 2 é alcançado quando a ETE, além de atender as exigências do Nível 1, gera energia ou comercializa algum produto gerado a partir das soluções implementadas. Já o Nível 3 requer o atendimento das três condições, simultaneamente: usos benéficos para o lodo, gases e efluente, a eficiência e geração energética e também a venda de produtos para uso no mercado. 
Segundo Paula, atualmente o Programa contempla 18 estações distribuídas de forma homogênea e representativa entre as unidades da empresa, das quais cinco contam com o Selo de Sustentabilidade Nível 01 e uma com o Selo Nível 02. “As estações ainda não certificadas encontram-se em fase de implantação de melhorias da infraestrutura, com previsão de ampliação do Programa nos próximos anos” – explica. 
Ainda de acordo com Paula, as ETEs Sustentáveis possuem uma perspectiva mais abrangente da prestação dos serviços de saneamento, ou seja, vão além da conformidade legal na busca de alternativas sustentáveis para os seus subprodutos, a partir de uma visão integrada, considerando o local em que está inserida. 
Nesse sentido, ela explica que as estações incluídas no Programa Corporativo de ETEs Sustentáveis da SABESP possuem obrigatoriamente Sistema de Gestão Ambiental (SGA) implantado, além de processos complementares que irão transformar os subprodutos gerados no processo de tratamento de esgoto – biogás, lodo e efluente – em recursos sustentáveis. Esses processos contemplam, por exemplo, alternativas para o uso benéficos e sustentáveis do lodo, reúso de efluentes, aproveitamento ou queima do biogás e eficiência energética, incluindo geração de energia.  
Para o presidente da Memphis, quando pensamos em estações sustentáveis, a sociedade é quem ganha, principalmente com a maior atenção devida às condições ambientais. “Hoje é de conhecimento generalizado o quanto se reduz em gastos com o sistema de saúde quando se tem mais saneamento básico. E não só isso, podemos pensar no desenvolvimento econômico que acompanha o desenvolvimento do saneamento básico, pois o que está sendo aprimorado com o saneamento básico é a infraestrutura do país” – finaliza.   
 

Contato das empresas
Eisenia:
www.eisenia.com.br
Memphis Empreendimentos: www.memphis.ind.br
SABESP: www.sabesp.com.br
 

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