Modelos de negócio para tratamento de água e efluentes

Prestadoras de serviços buscam alavancar negócios das empresas com terceirização de ETA e ETE


Modelos de negócio para tratamento de água e efluentes

 

Atualmente verifica-se uma tendência no mercado de tratamento de água e efluentes para a prestação de serviços e terceirização aplicadas pelos modelos de negócios BOT, BOO, AOT e O&M, e a Revista TAE foi atrás destas informações para saber quais os modelos aplicados atualmente e quais os principais motivos que levam grandes companhias a migrarem de modelos de negócios conceituados para a terceirização do tratamento de água e efluentes.
Cada projeto tem suas próprias características e especificidades, mas, no geral, o que atraem estas empresas são as vantagens oferecidas pelos modelos de negócio que as prestadoras de serviço oferecem que ajudam a viabilizar melhor seus negócios. Melhorias no processo de gerenciamento da água, redução dos desperdícios, possibilidade de reúso da água, economia nos custos da empresa com mão de obra e demais gastos provenientes da operação do sistema, diminuição dos riscos, foco no negócio e possibilidade de investimento de mais recursos financeiros no negócio principal da empresa são algumas das principais vantagens apresentadas pelos modelos de contratação.

Os modelos
Os modelos de negócio atuais praticados pelo mercado para os projetos de tratamento de água e efluentes são o EPC, BOT, BOO, AOT, AOO e O&M.
EPC - Do inglês, significa Engineering, Procurement and Construction (Engenharia, Projeto e Construção). Por ser o mais consagrado, ainda é o modelo de negócio mais praticado pelas empresas de engenharia. O cliente que contrata o projeto de instalação em sua empresa compra os materiais para construir por conta própria ou por subcontratação de partes do trabalho. O cliente assume o orçamento e o risco do projeto por um preço fixo (LSTK), dependendo do escopo de trabalho acordado. De acordo com Audri Lanza, gerente de Engenharia da Nova Opersan, empresa que atua no desenvolvimento, construção e operação de soluções em tratamento de água e efluentes, este modelo contempla o conceito e detalhamento do projeto, fornecimento dos equipamentos e demais materiais e instalação do sistema completo, além de start-up. A garantia é dada a partir da data de entrega.
BOT - O Build, Operate and Transfer (Construir, Operar e Transferir) é também muitas vezes chamado de DBOT (Design, Build, Operate and Transfer). Ao transferir para uma empresa especializada todo o risco no processo de prospecção, captação e tratamento de água e efluentes, o cliente fica isento de investir recursos próprios ou de assumir responsabilidade que não tenha a ver com sua atividade-fim. Todos os investimentos necessários à implementação, operacionalização e manutenção do sistema de captação e tratamento de água e efluente são assumidos pelo prestador de serviço. Segundo Audri, cabe à contratada o desenvolvimento do conceito, aplicação da tecnologia, desenvolvimento do projeto, instalação do sistema, partida e operação da planta. "O cliente paga por m³ tratado à contratada. E a responsabilidade por atender à legislação, por operar e por manter a planta também é da contratada", explica.
BOO - No Build, Operate and Own (Construir, Operar e Permanecer Proprietário), a contratada financia, constrói e toma posse do empreendimento. "A única diferença entre o BOT e o BOO é que a planta retorna ao contratado, ou seja, não há a transferência da planta ao cliente. A principal vantagem é que, neste modelo, o valor cobrado por m³ é um pouco menor que no BOT, porém, assim que o contrato acaba o contratante fica sem unidade de tratamento", ressalta a gerente de Engenharia.
AOT – No modelo Acquire, Operate and Transfer (Adquirir, Operar e Transferir), conforme Audri, a contratada investe em uma unidade já existente, projeta e implanta melhorias neste sistema, opera, mantém e, após a amortização, é transferida ao cliente. "Neste caso, uma das vantagens para o cliente é que, muitas vezes, por ele não ter o know-how de operação, o negócio se torna algo muito viável, porque ele pode focar mais em seu core business."
AOO – Neste contrato, Acquire, Operate and Own (Adquirir, Operar e Permanecer Proprietário), a unidade de tratamento também já existe e a contratada faz todo o trabalho como no AOT. A diferença é que, no final, a contratada permanece com a planta.
O&M – O Operation and Maintenance (Operação e manutenção do sistema). Neste modelo, a contratada faz a operação de tratamento da unidade que já existe e é responsável pelo lançamento, garantindo seu funcionamento. "A vantagem é que a empresa que contrata este serviço foca em sua especialidade de negócio", afirma a gerente de Engenharia da Nova Opersan.

 

Modelos de negócio para tratamento de água e efluentes

 

Segundo Audri, estes modelos de negócio podem ser aplicados em qualquer tipo de estação."Para uma nova planta podem ser usados o EPC, o BOT e o BOO. Quando a planta já existe, será feito um AOT ou um O&M dependendo do estado e conservação da planta ou se haverá incremento de vazão a ser tratada", aponta. Cada modalidade destas tem inúmeras implicações contábeis e fiscais. Por isso, é preciso fazer uma apurada análise quanto à conveniência de sua utilização. De acordo com Fabricio Drumond, diretor comercial da Nova Opersan, o mercado de saneamento industrial movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano. "Nossa estimativa é que a base de ativos instalados no País seja em torno de R$ 20 bilhões", calcula.
Em projetos de operações dedicadas, de acordo com Audri, o projeto conceitual é desenvolvido e apresentado ao cliente em fase de proposta. Após o fechamento do contrato, algumas informações são enviadas ao cliente a título de conhecimento. Nos projetos de BOT, BOO, AOT, AOO e O&M, segundo ela, é de fundamental importância que seja levantado ou firmado um vendorlist (lista de fornecedores), já que impacta em peças de reposição e vida útil da planta. "Em nossos projetos, é sempre dada prioridade à maior vida útil possível para que reduza o valor de Opex da unidade, assim como evite que a planta faça paradas para manutenção", esclarece. O papel da Engenharia é fundamental na escolha do porte e da qualidade dos equipamentos e materiais de acordo com o tamanho ou especificidade da unidade. "Muitas vezes, uma planta de baixa vazão tem grande complexidade pelos riscos da unidade, pelo tipo de fluido que será manuseado ou até mesmo pelo valor agregado que está embutido no produto. Algo que demanda tempo considerável da Engenharia durante o detalhamento, escolhendo o melhor material ou equipamento a ser usado para esta aplicação", explica Audri.

 


Dicas para a escolha do modelo de negócio
De acordo com Fabricio Drumond, diretor comercial da Nova Opersan, para definir o modelo de negócio adequado a ser contratado por uma empresa, o cliente deve responder a estas três perguntas abaixo. "Por meio delas, o cliente poderá identificar se a solução EPC é a mais adequada ou se a BOT, BOO, AOT, AOO e O&M são melhores", afirma.
1) O cliente possui as competências necessárias para avaliar um projeto, assegurar sua execução e garantir a correta operação do sistema em conformidade com a legislação?
2) O cliente dispõe de capital para investimento no projeto de forma que garanta a execução do sistema de tratamento que realmente atende às suas necessidades?
3) O cliente possui tempo e recursos disponíveis para se dedicar na operação do sistema de tratamento sem que isso atrapalhe as atividades principais do seu negócio?
 

 

Como saber qual o contrato adequado à sua empresa?
Sobre os benefícios e vantagens destes modelos de negócio, dos quais já destacamos alguns, é preciso esclarecer mais sobre o assunto para a escolha correta pelo modelo que mais convém para uma empresa. Para Drumond, o modelo EPC é ideal para empresas que buscam ser proprietárias dos seus sistemas de tratamento e estão dispostas a correr os riscos envolvidos na elaboração de projetos, construção e operação do sistema. "Em troca, por correr estes riscos, a empresa não fica amarrada a um contrato de longo prazo", avalia.
Nos modelos BOT e BOO, a empresa transfere todos os riscos de projeto, construção e operação para uma empresa especializada. "Nestas modalidades, a empresa tem a segurança de que o sistema de tratamento estará sempre disponível a um custo fixo e sem estouros no orçamento", analisa Drumond. Porém,ele adverte quanto às necessidades para que estas modalidades sejam viáveis. "A empresa precisa conceder um contrato de longo prazo para que a prestadora de serviços possa amortizar os investimentos do projeto ao longo do tempo."
Em relação às modalidades AOT e AOO, a grande vantagem, segundo Drumond, é a oportunidade que as empresas possuem de capitalizar ativos não-estratégicos para emprego destes recursos financeiros em outras atividades que geram valor para o seu negócio. "Além disso, a empresa transfere os riscos operacionais para uma empresa especializada e tem a segurança de um custo fixo para o tratamento de água e efluentes", expõe. Da mesma forma como no BOT e BOO, estes dois modelos também exigem um contrato de longo prazo.
No modelo O&M, a vantagem é poder contar com uma empresa especializada na operação e manutenção do sistema. "Este contrato de negócio é ideal para clientes que estão tendo muitos problemas com a operação de seu sistema", indica o diretor comercial da Nova Opersan.

 

Modelos de negócio para tratamento de água e efluentes

 

Investimentos no negócio da empresa
A preocupação de oferecer um negócio vantajoso ao cliente que atenda às suas necessidades e proporcione confiabilidade requer cuidados em todo o processo de elaboração, execução, operação e manutenção do projeto.
Além das vantagens e atrativos que os outros modelos de negócio também apresentam aos clientes, em alguns deles, na questão de liberação de recursos financeiros para que a empresa contratante invista em ativos ou atividades estratégicos para o seu negócio, a Nova Opersan cita os investimentos que podem ser feitos, por exemplo, no modelo BOT, seu principal foco de negócio:
• Ampliação de linhas de produção;
• Melhorias de processos;
• Investimentos em pesquisa e desenvolvimento;
• Construção de novas unidades industriais;
• Menor alavancagem financeira.
A questão do gerenciamento da água também pode trazer economia ao cliente em seus gastos com redução de desperdícios e reúso porque saberá quanto vai gastar de acordo com o modelo de negócio adotado.

 


Desafios técnicos
Conforme informações da Nova Opersan, os modelos de negócio demandam desafios técnicos a serem superados para execução:
• Solução deve garantir a manutenção do contrato;
• Busca de novas tecnologias visando à redução de custos;
• Execução de projeto com o menor desvio de Capex e Opex possível;
• Visão em operação e manutenção do sistema;
• Manter parceiros e fornecedores qualificados.
 

 

Tecnologia, Capex e Opex
O equilíbrio alinhado entre Tecnologia, Capex e Opex é uma das garantias que o modelo BOT dispõe para otimizar o custo total de propriedade. As empresas atuantes nestes modelos de negócio trabalham com as principais tecnologias para o tratamento de água e efluentes, proporcionando ao cliente a melhor relação custo-benefício para o projeto. Além disso, há uma melhor gestão dos custos e previsibilidade de orçamento, fazendo com que o cliente fique responsável apenas pelo pagamento da tarifa por metro cúbico do volume.
Capex - Capital Expenditure (Despesas de Capital ou Investimento em Bens de Capital). O Capex são os investimentos realizados em equipamentos e instalações para manter a produção de um produto ou serviço ou o funcionamento de um negócio ou sistema.
Opex - Operational Expenditure, refere-se ao custo contínuo com a manutenção dos equipamentos e outras despesas operacionais necessárias à produção de produtos ou serviços ou para manter em funcionamento um negócio ou sistema. Uma empresa ao adquirir uma máquina utiliza Capex e o custo com a sua manutenção é o Opex.

 

Modelos de negócio para tratamento de água e efluentes

 

A melhor opção
Não se é possível avaliar a melhor opção a ser adotada, pois os modelos são diferentes e devem ser adotados conforme as diretrizes e necessidades de cada empresa, porém deve-se ter algumas questões chaves a serem vizualizadas e analisadas, sendo elas:
Custo - Quem deve arcar com os custos adicionais do projeto?
Prazos - Quem deve arcar com as extensões e não cumprimentos de prazos estipulados no projeto?
Projeto - Quem será o responsável pela engenharia, instalações e definição da melhor solução aplicada e quem deve ser responsabilizado por eventual inadequação e/ou insuficiência do projeto?

 

Contato das empresas:
Nova Opersan:
www.opersan.com.br

Publicidade