Reúso De Água: Alternativa Para Preservar E Economizar

A escassez de água é uma questão que vem afligindo cada vez mais a população. O calor e a falta de chuva foram responsáveis pelo baixo nível das represas, deixando algumas regiões em estado de alerta e sujeitas a racionamento


Reúso De Água: Alternativa Para Preservar E Economizar

 

A escassez de água é uma questão que vem afligindo cada vez mais a população. O calor e a falta de chuva foram responsáveis pelo baixo nível das represas, deixando algumas regiões em estado de alerta e sujeitas a racionamento. Algumas medidas podem ser pensadas para ajudar a solucionar esse problema, uma delas é o reúso de água.
Esse processo consiste em toda atividade em que um determinado efluente ou rejeito é tratado a fim que a água resultante tenha qualidade suficiente para que possa ser reutilizada em diversos setores. Essa reutilização pode ser para fins não potáveis ou potáveis, decorrentes de ações planejadas ou não.
"No atual contexto de escassez hídrica e consequente redução no nível de reservatórios que abastecem importantes regiões do país, a água de reúso é uma importante ferramenta para as indústrias e municipalidades preservarem os mananciais e garantir o crescimento sustentável das cidades e das operações industriais", explica Marcus Vallero, representante da GE Water.
Para o representante da GE o principal objetivo do reúso é assegurar o acesso a água, a custos compatíveis, a indústria e municipalidades para seus processos e distintos usos (não potáveis), diminuindo a demanda por água dos mananciais. Portanto, ao liberar as fontes de água dos mananciais para abastecimento público, o reúso de efluentes contribui decisivamente para a conservação dos recursos hídricos.
Considerando as atuais técnicas de tratamento de água pode-se dizer que tecnicamente é possível recuperar qualquer qualidade de água para reutilização, porém, em alguns casos, como alguns efluentes industriais específicos, isso pode ser economicamente inviável. A grande vantagem da utilização da água de reúso para fins não potáveis é a de preservar água potável exclusivamente para atendimento de necessidades que exigem a sua potabilidade, como para o abastecimento humano.
"Em um sentido mais amplo, o reúso de água, incluindo de fins potáveis, constitui uma solução sustentável em termos de gestão de recursos hídricos, uma vez que se aproveita o recurso "água residuária" já disponível nas próprias áreas urbanas para complementar o abastecimento público", completa Sérgio Hilsdorf, gerente de aplicações e processos da Veolia Water Technologies.

 

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O reúso na indústria
A necessidade e o alto consumo são fatores bastante relativos que contribuem para a falta de água. Nas indústrias, por exemplo, existe a precisão de seu uso. De acordo com Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) 69% da água é consumida, no Brasil, é utilizada na agricultura, 21% pelo usuário doméstico e 18% na indústria. Apesar de estar em terceiro lugar, a indústria se mostra cada vez mais preocupada em criar formas de se reutilizar a água.
Um exemplo comum de aplicação nesses casos é o tratamento avançado dos efluentes industriais e efluentes sanitários para a geração de uma água com altíssima qualidade usada como água de reposição das torres de resfriamento, para a alimentação de caldeiras. Muitas vezes a qualidade requerida para estes usos é superior, para parâmetros específicos, a aquela requerida para potabilização da água, exigindo a combinação de tecnologias para garantir a produção da água de reúso na qualidade e quantidade exigidas.
Sérgio explica que essa água pode ser aplicada ainda como geração de energia, refrigeração de equipamentos e em diversos processos industriais. Há também usos urbanos não potáveis, como para prefeituras e outras entidades que usam a água para lavagem de ruas e pátios, irrigação/rega de áreas verdes, desobstrução de rede de esgotos e águas pluviais e lavagem de veículos; no setor agrícola para irrigação.
"As tecnologias de reúso também tem um papel fundamental para assegurar maior resiliência hídrica nas municipalidades. Por exemplo, a GE acredita fortemente que a tecnologia MBR (Bio Reator a Membranas) tem um papel fundamental para diminuir a demanda por água dos mananciais nas grandes regiões metropolitanas que sofrem de escassez de água, como observado hoje nas macroregiões de São Paulo e Campinas", completa Marcus.

 

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Tecnologias da GE
As plantas GE MBR ZeeWeed consistem na combinação de um processo biológico com as membranas de ultrafiltração (UF) com tamanho de poro nominal de 0,04 µm, permitindo a geração de um efluente tratado de altíssima qualidade (DQO < 25 mg/L, DBO < 3 mg/L, NH3-N < 0,2 mg/L, turbidez < 0,2 NTU, coliformes termotolerantes e parasitas ausentes, entre outros parâmetros).
A qualidade deste efluente tratado permite o seu reúso em um amplo aspecto de aplicações urbanas (lavagem de equipamentos urbanos), industriais e agrícolas, e de maneira segura, uma vez que o efluente é praticamente livre de patógenos.
Um fato muito importante é que esta tecnologia não apenas endereça a importante questão de reduzir o consumo de água através do reúso dos efluentes, mas também pode representar uma importante receita adicional para as concessionárias proprietárias das plantas, através da justa remuneração da água de reúso disponibilizada. Marcus explica que há dois exemplos de sistemas MBRs de grande porte no tratamento de esgotos no Brasil.
O primeiro foi instalado em Campinas (Sanasa EPAR Capivari II) e está em operação desde 2012. A EPAR Capivari II é um exemplo no tratamento do efluente gerado na região, hoje com a capacidade de tratar 360 L/s de vazão média, podendo atender a uma população de aproximadamente 180 mil pessoas. Esta planta permite que a Sanasa possa contar com a disponibilização desta água tratada para clientes industriais e comerciais.
O segundo MBR foi instalado em Campos do Jordão no fim de 2013 com capacidade de tratar 180 L/s em média (e terá capacidade de tratar 213 L/s no fim de plano). Marcos conta que esta planta foi especialmente desafiadora por ter sido construída em uma região com muitos condomínios vizinhos, de modo que requerimentos muito estritos de qualidade do efluente tratado e com exigências rigorosas para a baixa emissão de ruídos e de odores.
Em adição, a Sabesp requisitou que a planta fosse construída de tal forma que harmonizasse com a arquitetura dos prédios vizinhos. Em operação a quase dois anos, a planta atende todos os requisitos estritos impostos pela Sabesp e hoje estuda-se enviar o permeado tratado para cidade de Campos do Jordão para reúso.

 

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Aplicações e normas
O representante da GE explica que a rigor, a água deve ser julgada por sua qualidade, e não por sua origem, portanto, sob o ponto de vista estritamente de tecnologias existentes, pode-se afirmar que é possível converter todo o efluente de uma indústria ou cidade em água de alta qualidade que pode ser amplamente reutilizada. A grande questão é que a opção por água de reúso é também uma questão econômica.
De uma maneira geral, se o acesso à água de mananciais for de baixo custo e não tiver incentivos legais ao reúso, provavelmente não haverá motivações para a prática de reúso. Em regiões afetadas pela falta de água, onde o custo da água aumenta substancialmente e onde a outorga para a captação de mananciais pode ser reduzida ou cancelada, essas tecnologias passam a fazer sentido econômico.
Por esta razão, em alguns casos extremos, a junção de tecnologias avançadas para o descarte zero de efluentes e reúso de todo o efluente tratado (chamado de processos ZLD – zero liquid discharge) faz sentido. Neste caso, há a associação de tecnologias como UF – ultrafiltração & MBR (bioreator com membranas), sistemas de dessalinização (EDR – eletrodiálise reversa, NF - nanofiltração, RO – osmose reversa) e sistemas de evaporadores / cristalizadores.
O reúso de água não é um conceito novo e sendo assim pode se enquadrar em algumas normas. O lançamento de esgotos tratados (ou não) e a captação desta água para fins potáveis na cidade, por exemplo, é um reúso que pode ser classificado como reúso não planejado. "Neste caso de lançamento de esgotos aos rios e a sua captação em uma cidade a jusante, entendemos que a norma CONAMA (CONAMA 357) claramente define a classificação dos rios, e, portanto, o nível de tratamento necessário para que o rio tenha a qualidade suficiente paro os usos pretendidos", completa Marcus.
No caso do consumo humano, a Portaria n° 2.914 (2011) dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água e seu padrão de potabilidade. Em relação às normas e regulações específicas para o reúso direto dos efluentes tratados, atualmente há somente uma norma bastante simples (NBR 13969/97) que define quatro distintos graus de tratamento necessários para diferentes usos. A rigor a indústria e os municípios não encontram padrões e instruções que ajudariam a determinar o nível de tratamento correto para assegurar o acesso à água na qualidade requerida.
"Existem fatores negativos associados à percepção e a aceitação comunitária da prática de reúso potável, que podem se caracterizar como um elemento inibidor da prática. Além disso, por desconhecimento da importância e dos benefícios inerentes, a prática de reúso potável é rejeitada por legisladores e alguns órgãos de financiamento, que recusam o desenvolvimento de estudos e de projetos que possam dar subsídios para o desenvolvimento de uma norma e de códigos nacionais sobre o tema", enfatiza Sérgio da Veolia.
Para Marcus, a ausência de uma norma específica para reúso no Brasil pode limitar a sua aplicação, visto que a falta de regulação pode potencialmente impedir que a água de reúso possa ser utilizada em atividades onde, em outros países, já é amplamente utilizada e aceita. "Portanto, acreditamos que é necessário aprofundar o debate sobre o reúso e sua normatização e de políticas que possam estimular a instalação de sistemas produtores de água de reúso.

 

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Contato das empresas:
GE Water:
www.gewater.com
Veolia Water: www.veoliawaterst.com.br

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