O grupo austríaco Andritz é dividido em quatro grandes setores - Hydro, Pulp & Paper, Metals e Separation - sendo líder mundial no fornecimento de equipamentos e serviços para estações hidrelétricas, indústria de papel, metais e nos processos de separação para os setores industriais e municipais.
A divisão Hydro promove as estações hidrelétricas como a forma mais eficaz de energia renovável. Com mais de 170 anos de experiência acumulada no design de turbinas, com a instalação mundial de um número superior a 30.000 delas e mais de 120 anos de trabalho com equipamentos elétricos superior a 400.000 MW com faixa de potencia de até 700 MW a Andritz Hydro está hoje envolvida em todos os grandes projetos hidrelétricos brasileiros, incluindo Giral, Santo Antônio, Belo Monte e, mais recentemente, Sinop. "Nós temos uma boa experiência com o transporte e tratamento de água na Europa, Estados Unidos e Ásia e agora estamos expandindo para o Brasil e para a América do Sul que é um mercado muito importante para nós", conta Mario Liebetrau, diretor comercial.
Por ser a Fenasan a principal feira do setor, a empresa considera a exposição importante para os negócios. "Aqui estão as grandes companhias do segmento e naturalmente todos nossos competidores. Os produtos que nós viemos mostrar são relacionados ao transporte de água (que tenho visto no último ano ser um dos maiores mercados no Brasil), projetos de irrigação, bombas de alta capacidade e de alta eficiência. Temos um diferencial neste setor porque nós temos opções de mudar o posicionamento das lâminas e dos impulsores das bombas e isso reduz problemas com cavitações e danos nos impulsores, reduzindo custos inclusive com energia", destaca Mario.

"A Andritz Hydro também trabalha com bombas de dupla sucção que apresentam um grande diferencial. Lançamos este produto no mercado há aproximadamente 8 anos e ele tem como principal característica a eficiência maior que 90% sendo o único do gênero a atingir este desempenho", ressalta Mario.
Sabendo dos grandes desafios que o Brasil enfrenta nas questões de saneamento uma das missões da empresa é trabalhar para melhorar a qualidade da água oferecida aos brasileiros. "Nós temos trabalhado bastante aqui e sabemos que o mercado e tratamento de água tem um grande potencial de crescimento na América do Sul, inclusive no Brasil. Há muitos projetos com populações, planejamento e muitos estudos com grandes e pequenas aplicações. Nós vemos que o tratamento de água ainda é um problema grande e esperamos contribuir para a melhoria de sua qualidade", complementa Mario.
Já a divisão Separation oferece diversos equipamentos na área de separação que incluem soluções que vão desde o gradeamento (remoção de resíduos grosseiros), passando pelo peneiramento, adensamento (técnica para aumentar a concentração de sólidos no lodo), centrifugação (pela utilização de centrífugas decanter) e desaguamento que são etapas envolvidas na extração mecânica. Mas, além disso, a empresa atua no segmento de extração térmica de água (secagem do lodo). "Na extração térmica é utilizado um tanque com alguns elementos também aquecidos que fazem a água evaporar. Dessa forma, todo o lodo é higienizado, porque o processo mata todos os patógenos do lodo ativado, transformando-o em material inerte. Assim ele não precisa ser descartado em aterros sanitários e pode ser destinado em aterros comuns", explica o engenheiro Armando Costa Ribeiro, diretor comercial da divisão Separation. Além das vantagens microbiológicas a redução de volume reduz custos. "Após a secagem, a porcentagem de água do lodo atinge 10% que é bem menor do que os 80% que ele apresenta após o desaguamento. Então há uma diminuição na ordem de 80%", complementa Armando Costa.
A grande novidade da Separation para a Fenasan é a apresentação do secador de pás. Este equipamento trabalha com o processo de troca térmica indireta em que não é preciso utilizar ar ou gases de varredura dentro do secador, minimizando riscos de acidentes como incêndios e explosões, já que o lodo é um material com poder calorífico alto e bastante propenso a isso. "No equipamento é possível controlar o ambiente contra o aumento da concentração de CO e O₂. Com o lodo estando em um local completamente vedado com nenhum ar a ser tratado a não ser o vapor que está saindo. O sistema é muito simples, fácil de operar e não necessita de recirculação: o lodo entra, seca e já é descarregado sem precisar ficar recirculando", detalha Armando Costa.
No secador de pás, o sistema de agitação intensa quebra a fase plástica do lodo que se forma quando ele atinge por volta de 50-60% de sólidos não precisando, neste caso, fazer a mistura entre o lodo seco e o úmido como nos secadores convencionais. "Com nosso equipamento não há manuseio externo dos sólidos, o ambiente é fechado e há certificação contra qualquer tipo de problema. Nunca houve um acidente em 50 plantas instaladas. É um sistema muito simples de operar. Este é um diferencial porque para obter o mesmo nível de segurança com outros sistemas seria necessário trabalhar com operadores altamente qualificados para não perder o controle da planta", ressalta Armando Costa.

É uma máquina muito robusta, totalmente automática, trabalha 8.000 horas de forma ininterrupta, exceto por uma semana em que são necessárias manutenções preventivas. Durante essa inspeção é feita a troca de óleo, de graxa e gaxetas. A lubrificação é automática "Nós temos dezenas dessas máquinas espalhadas mundo afora. Mas, no Brasil, estamos começando a falar de secagem térmica de dois anos para cá", diz Armando.
Também devem ser ressaltadas as diversas ofertas de energia que podem ser aplicadas no equipamento. Se há produção de biogás em plantas de tratamento de efluentes municipal em que há reatores anaeróbios, o biogás produzido pode ser usado como parte da energia para secagem, assim como também podem ser usados GLP, gás natural, vapor, gases de escape de caldeira, turbina, entre outras opções.
Os custos de manutenção e de operação reduzidos, a eficiência térmica e o ambiente fechado com pouco escape fazem com que esse sistema seja cerca de 40% mais eficiente do que o de secagem direta. "Com um tempo de vida útil acima de 40 anos, robustez e competitividade esse equipamento possui um Opex bastante baixo, embora seu Capex seja um pouco mais elevado. No entanto, embora inicialmente possa haver um desequilíbrio, a longo prazo, o investimento compensa devido as vantagens econômicas e a durabilidade", complementa Armando.
Em relação às expectativas para o futuro, Armando acredita que uma legislação que estabeleça a obrigatoriedade da secagem do lodo como medida importante para a segurança sanitária poderia auxiliar no crescimento do mercado. "Na Europa é impensável não secar o lodo. O que existe lá é uma discussão sobre a melhor destinação. Em minha opinião, o envio para as cimenteiras seria a melhor destinação porque você poderia substituir o coque de petróleo no forno de clinquer, por exemplo, eliminando a necessidade de tratamento das cinzas porque ela se transformaria em cimento passando a ser um importante combustível e eliminando o passivo ambiental", finaliza Armando.