Tratamento De Efluentes Nas Indústrias De Tintas E Vernizes

Sabe-se que na pré-história as tintas eram utilizadas para registrar o dia a dia do homem das cavernas através de rabiscos rudimentares


Tratamento De Efluentes Nas Indústrias De Tintas E Vernizes

 

Sabe-se que na pré-história as tintas eram utilizadas para registrar o dia a dia do homem das cavernas através de rabiscos rudimentares. Os pigmentos eram obtidos através de fricção de plantas e argilas, utilizando basicamente as mãos, dedos e pedras. Séculos mais tarde no antigo Egito, estes registros ganharam cores mais atraentes devido ao uso de pigmentos específicos obtidos através das folhas de anileira e garança da Índia, entre outras. Relatos datados de 2.000 a.C., indicam que os chineses já conheciam o nanquim, sendo desenvolvida na China as primeiras tintas especificas para a escrita. Entretanto, somente na Idade média, foi descoberta outra função para as tintas, a proteção, utilizada inicialmente pelos ingleses em igrejas e prédio públicos. Porém o avanço tecnológico mais significativo ocorreu durante a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, onde químicos desenvolveram diversos tipos de pigmentos, veículos (solventes) e resinas sintéticas, para diversas aplicações e funções.
Atualmente, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (ABRAFATI), o Brasil é o quinto maior mercado de tintas, movimentando em 2013 cerca de R$ 9,12 bilhões de reais (crescimento de 2,0% de 2013/2012) com produção de 1,426 milhões de litros. Ainda segundo a ABRAFATI, os maiores volumes são destinados a imóveis, representando cerca de 80% do volume total e 64% do faturamento, seguido da indústria em geral com volume de 12% e faturamento de 21%. Os gráficos a seguir ilustram a produção e faturamento por segmento do setor.

Tratamento De Efluentes Nas Indústrias De Tintas E Vernizes


Existem diversos tipos de tintas com as mais variadas matérias primas, inclusive tintas em pó, para ilustramos a origem e quais são as principais recomendações quanto ao tratamento do efluente gerado por este segmento, iremos utilizar como exemplo as tintas imobiliárias com base em água, devido a sua grande presença no mercado.
As tintas a base de água, também conhecidas genericamente por látex, consistem basicamente na emulsão de polímeros em água, utilizando resinas vinilicas, vinil acrílicas, acrílicas, estireno-acrílicas e etc., esta emulsão, pode chegar, na fração volátil, a ser composta por 98% de água e 2% de polímeros, mais a adição de cargas minerais de fundamental importância para a formulação da aplicação da tinta.
O fluxograma abaixo apresenta resumidamente o processo e a descrição de cada etapa.
Pré-mistura e dispersão: Nesta etapa são misturada água, aditivos, cargas e pigmentos.
Completagem: São adicionados ao reator sob constante agitação mecânica: água, emulsão (polímero), aditivos, coalescentes, dispersantes. Finalizando o processo com ajuste da cor do produto, viscosidade e etc., caso for necessário.
Filtração: Durante a filtração são removidas as impurezas de matérias primas e demais materiais que eventualmente não foram solubilizados ou emulsionados na fase aquosa.
Envase: Após o fim do processo produtivo as tintas são envasadas em embalagem metálicas.


Tratamento De Efluentes Nas Indústrias De Tintas E Vernizes


A principal fonte de geração de efluente líquido deste processo produtivo está vinculada com a limpeza de reatores e equipamentos como os componentes do sistema de filtração e de envase.
Em função do padrão de lançamento do efluente, seja ele na rede coletora de esgoto municipal ou corpo d’água receptor, o tratamento da água residuária da indústria de tintas e vernizes pode requerer etapas físicas, físico-químicas, e biológicas na seguinte ordem respectivamente: remoção de sólidos, óleos e graxas, metais e compostos orgânicos. A seguir é apresentado o esquema genérico da planta de tratamento de efluente:

Tratamento De Efluentes Nas Indústrias De Tintas E Vernizes


A separação mais comum de areia é realizada pela caixa tipo canal, já a separação de óleo e graxa pode ser feito pela caixa separadora de água e óleo (SAO) ou por sistema de flotação por ar dissolvido. No tanque de equalização deve-se adequar o pH para efetuar a remoção de metais pesados no sistema físico-químico, que consiste na floculação e precipitação dos metais. Já a etapa biológica, preferencialmente via aeróbia, através de sistema de lagoas aeradas ou lodos ativados, é reponsável pela remoção dos compostos orgânicos, como resinas, emulsões, aditivos e até pigmentos. Recomenda-se a via aeróbia devido a grande quantidade de materias de difícil biodegradação anaeróbia, que muitas vezes é inibida devido a determinados compostos de longas cadeias orgânicas, por exemplo.
Diferentemente dos demais artigos apresentados nas edições anteriores, como indústria de bebibas, chocolates e laticínios, a indústria de tintas e vernizes, pode ainda efetuar o tratamento de seus efluentes visando o reúso de água no processo, pois as condições e restrição são muito menores.

 

Henrique Martins Neto
Engº Químico – Especialista em Química Ambiental
EQMA Engenharia & Consultoria Ltda - ME
Tel.: (19) 3301-1161 | Cel.: (19) 9-9377-1661
E-mail.: henrique@eqma.com.br
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Skype.: henrique.martins.neto

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