Fitorremediação Devolve Vida Ao Solo Contaminado

O princípio fundamental da fitorremediação aplicada à recuperação de solos contaminados é a execução da restauração ecológica com a renaturalização do solo. “O objetivo é transformar a área abandonada por contaminação em espaços verdes multifuncionais


O princípio fundamental da fitorremediação aplicada à recuperação de solos contaminados é a execução da restauração ecológica com a renaturalização do solo. "O objetivo é transformar a área abandonada por contaminação em espaços verdes multifuncionais, agregando tanto valor social quanto ecológico" - afirma Maria Estela Ribeiro, arquiteta do departamento de projetos da Phytorestore. 
A renaturalização do solo significa o desenvolvimento de um projeto para reflorestamento da área contaminada. "É feito uso das habilidades químicas e biológicas que as árvores possuem na zona de raízes para a descontaminação. Essas habilidades variam de planta para planta" - conta Maria Estela.
Segundo ela, a interação com diferentes tipos de contaminantes e sua transformação em uma forma não tóxica depende da policultura, ou seja, a biodiversidade do projeto. "Muitas espécies não resistem ao ambiente tóxico quando expostas a crises ambientais. Por isso, os danos de acidentes ambientais são tão intensos. Não é qualquer planta que tem a tolerância necessária para o desenvolvimento da fitorremediação" - explica.
A Phytorestore mapeou espécies que têm a capacidade de absorver 16 tipos de nutrientes inorgânicos diretamente na área de raízes, em forma de íons, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, manganês, cobre, zinco, boro etc. "Nos solos contaminados, são encontradas diferentes concentrações desses elementos. O processo de fitorremediação reduz essas concentrações pela simples presença vegetal, que absorve, imobiliza e/ou promove a biodegradação dos elementos como forma de nutrição" - ressalta a arquiteta.

Análises e projeto
O primeiro passo a ser tomado ao identificar um solo contaminado é fazer as análises laboratoriais para mapeamento das concentrações de cada elemento na área afetada. A análise das características físico-químicas do solo e dos contaminantes também faz parte do estudo inicial para definição do plano de ação. "A partir disso, a Phytorestore elabora o projeto de reflorestamento da área, analisando quais espécies são adequadas para o tipo de contaminação. O plantio é realizado por etapas, respeitando a topografia do solo e o projeto de paisagismo" - destaca Maria Estela.
As intervenções da empresa são baseadas no tripé da sustentabilidade, buscando ações de impacto positivo para o meio ambiente, a sociedade e a viabilidade econômica.  

 

Fitorremediação Devolve Vida Ao Solo Contaminado

Meio urbano ou rural
Várias são as situações nas quais a descontaminação de solos contaminados pode ser feita com a implementação da fitorremediação, que é uma solução que se integra à paisagem e respeita a vocação de cada espaço. "Ela pode ser implementada em áreas abandonadas com contaminação enterrada ou infiltrada, livre de acumulação ou armazenamentos sólidos e se adapta em meio urbano ou rural" - salienta Maria Estela.
Geralmente, os contaminantes orgânicos advêm de derramamentos de óleo, materiais militares, atividades agrícolas e industriais. Maria Estela diz que diversos contaminantes orgânicos já foram fitorremediados com sucesso. Casos do TCE (Tricloroetileno), herbicidas, explosivos (TNT), hidrocarbonetos do petróleo (óleos, gasolina, benzeno e tolueno) e o PCB (Bifenilpoliclorado).
Enquanto os contaminantes inorgânicos, na sua maioria, metais pesados, estão ligados às atividades de extração de ferro, zinco, chumbo, mercúrio, cádmio etc. "A fitorremediação também é efetiva neste caso, porém, o mecanismo de atuação não é a fitodegradação e, sim, a fitoextração" - explica (Leia, no final do texto, em "Mecanismos" - a diferença entre fitodegradação e fitoextração e sobre os outros três tipos de processos).

 


Wetland e fitorremediação
Os wetlands naturais são os conhecidos pântanos, ambientes alagados onde as plantas se desenvolvem. Os wetlands construídos simulam essas condições naturais de pântano, mas em um jardim projetado e calculado para atender a respectivo tratamento. "A fitorremediação é o processo de interação entre as plantas, microrganismos simbiontes presentes nas raízes e os contaminantes, que são vistos pelas plantas como nutrientes. Por isso, para ocorrer a fitorremediação, é necessário um ambiente de wetland", explica Maria Estela Ribeiro, arquiteta da Phytorestore.


 

 

Benefícios econômicos e ambientais
Um dos grandes destaques da fitorremediação é ser um processo economicamente vantajoso. "Trata-se de uma solução baseada na natureza, sem insumos químicos, resultando em uma intervenção de baixo impacto (in situ) e simples execução" - aponta Maria Estela. Outro destaque é sua aplicabilidade ser viável em grandes variedades de poluentes simultaneamente e áreas extensas. "As plantas ajudam no controle do processo erosivo, eólico e hídrico, são esteticamente bem aceitas e menos agressivas ao ambiente, evitam o espalhamento da crise e são mais facilmente monitoradas quando comparadas aos microrganismos" - enfatiza.
Mas o grande diferencial da fitorremediação é o valor agregado proporcionado por ser uma solução integrada à paisagem e adaptada à cultura local e multifuncional. "A fitorremediação é planejada em harmonia com espaços revertidos para a comunidade em forma de recreação passiva, como é o caso de parques e praças suspensos, valorização de biomassa, incentivo à biodiversidade e desenvolvimento de habitat natural, além do conforto térmico e visual" - explica a arquiteta.
Maria Estela expõe também os pontos de alerta para a implementação dessa solução. "Por ser uma tecnologia natural, é normal que o crescimento e o desenvolvimento das plantas sejam dependentes da estação, do clima, do solo e demais variáveis ambientais" - ressalta. Além disso, ela diz que é uma solução um pouco mais lenta que as demais tecnologias, como aeração do solo, lavagem do solo, solidificação e incineração, porém, economicamente mais viável.

Comparando custos
Para exemplificar, a Phytorestore cita estudos realizados em 2009, no Rio de Janeiro, na UFRJ/COPPE, pelo engenheiro agrônomo, D.Sc. em Geotecnia Ambiental, atuante em Manejo e Conservação de Solo e de Água, Silvio Roberto de Lucena Tavares, que precificaram o custo da fitorremediação e compararam com o custo de outras tecnologias. Acompanhe na Tabela 1:

 

Fitorremediação Devolve Vida Ao Solo Contaminado



Mecanismos

De acordo com a empresa, a fitoextração, fitodegradação, fitovolatização, fitoestimulação e fitoestabilização são cinco mecanismos da fitorremediação de interação com os contaminantes orgânicos e inorgânicos:
Fitoextração – Neste mecanismo, as plantas acumulam em seus tecidos contaminantes extraídos do solo, água ou ar, sem degradá-los. O objetivo é eliminar as substâncias tóxicas do local. Por isso, as espécies são plantadas e depois colhidas. O destino do material contaminado varia conforme a capacidade de bioacumulação da planta e do risco ambiental representado. O tecido vegetal pode ser incinerado, depositado em aterro, coprocessado na fabricação de cimento, ou, em caso de aproveitamento, utilizado para produção de fibras e móveis. A rizofiltração é uma variação da fitoextração caracterizada pelo acúmulo de contaminantes apenas nas raízes. A fitoextração é utilizada na remoção de contaminantes inorgânicos - metais, como Ag, Cd, Co, Cr, Cu, Hg, Mn, Mo, Ni, Pb e Zn, e os radionuclídeos 90Sr, 137Cs, 239Pu e 238,234U – com o uso de plantas hiperacumuladoras que pertencem às famílias Brassicaceae, Euphorbiaceae, Asteraceae, Lamiaceae ou Scrophulariaceae.
Fitodegradação – É o processo de fitorremediação no qual as plantas absorvem e metabolizam os poluentes através das propriedades de hidrofobicidade (grau de mistura com a água); solubilidade (capacidade de dissolver em líquido); e polaridade (cargas elétricas). Usado na remediação de compostos orgânicos com diversas espécies de plantas aquáticas (macrófitas).
Fitovolatização – Transformação de poluentes em estado sólido ou líquido para o estado gasoso, podendo ser menos impactante para o meio ambiente. A volatização ocorre pela biodegradação na rizosfera ou pelo poluente ser absorvido pela planta e, após passar por diversos processos metabólicos internos, é liberado através da superfície da folha. Aplicado no controle hídrico para contenção de contaminantes (pluma de contaminação), este mecanismo utiliza espécies capazes de absorver grandes quantidades de água.
Fitoestimulação – Os microrganismos associados e/ou beneficiados pela presença vegetal (simbiose) estão envolvidos direta ou indiretamente na degradação dos contaminantes. A rizodegradação é a variação desse processo, porque ocorre nas raízes. Muitas vezes, as condições na rizosfera são mais propícias devido a aeração, umidade e exsudatos (açúcares, ácidos orgânicos, aminoácidos e enzimas) que favorecem o crescimento de microrganismos. Inclusive, pode apresentar contagem até cem vezes maior do que em áreas sem influência de raízes. A aplicação desse mecanismo é adequada para controle de contaminantes orgânicos.
Fitoestabilização – Ocorre de três formas: física, química e físico-química. Na física, a simples presença do vegetal funciona como uma barragem contra erosão superficial e a lixiviação do poluente. Na química, há uma mudança química da zona das raízes e consequente alteração química do contaminante. Isso porque os níveis de solubilidade, mobilidade do metal e dissolução de compostos orgânicos sofrem alteração por mudança do pH do solo e pela exsudação (transpiração) de substâncias pelas raízes. Esse processo é utilizado no combate de componentes inorgânicos e a seleção das espécies é feita de acordo com a tolerância às contaminações.

 

Contato da empresa
Phytorestore: www.phytorestore.com.br

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